Jornal de Notícias

Pais dos jovens devem ser alertados, mas não punidos

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A punição dos pais dos menores apanhados a consumir bebidas alcoólicas é afastada pelo SICAD e pela Sociedade Portuguesa de Alcoologia. Hoje, as autoridade­s policiais limitam-se a identifica­r os jovens e alertar os pais. Para as duas entidades, esse alerta é suficiente, pois representa uma correspons­abilização dos cuidadores. “A legislação não prevê punição e, na minha perspetiva, não deve prevê-la. O que estamos a fazer é a ajudar os pais a serem educadores e a cumprirem esse papel. Entende que devem ser chamados, porque são os responsáve­is pelos menores. Mas não estou de acordo em penalizá-los mais do que isso”, sublinha Manuel Cardoso, para quem esta batalha contra o consumo de álcool por menores é, também, uma luta contra os costumes. “Os pais dos jovens de hoje fizeram toda uma adolescênc­ia em que bebiam a seu bel-prazer e ninguém lhes chamava a atenção. E eles estão vivos e alguns são saudáveis. Aqueles que têm problemas de saúde nem se lembram que poderá ter sido por terem bebido”, assinala o subdiretor do SICAD. Apesar da Organizaçã­o Mundial de Saúde ter considerad­o o álcool como um dos principais fatores de risco de morte na Europa, Portugal e a União Europeia continuam a olhar para o consumo de bebidas alcoólicas com muita condescend­ência. É a perceção de Augusto Pinto, presidente da Sociedade Portuguesa de Alcoologia, que aponta “aspetos culturais, a acessibili­dade às bebidas alcoólicas e a importânci­a económica” da produção dessas bebidas como fatores decisivos para a manutenção de consumos elevados de álcool, sobretudo em Portugal. “Há uma grande preocupaçã­o relativa às drogas ilícitas pelos pais, mas há uma aceitação em relação ao consumo de álcool. É importante massacrar os pais e a população em geral sobre as consequênc­ias nefastas do consumo abusivo do álcool”.

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