Deficiente fustigado por multas em lugar reservado
Porto Adélio Ferreira pagou nove mil euros por lugar para deficiente, mas não deixa de ser “multado”
Tem lugar privativo na rua, pelo qual pagou nove mil euros. O sinal no passeio tem a matrícula do seu carro e, no interior da viatura, está bem visível o dístico indicando que é portador de deficiência. A documentação está toda em dia. Mas nem isso livra Adélio Ferreira de receber constantemente avisos de pagamento por parte dos controladores de trânsito que vigiam o estacionamento nos lugares com parcómetros da cidade do Porto.
Há três meses que Adélio Ferreira vive um martírio, com “multas” constantes à porta do seu café, na Rua da Boa Nova, no Porto.
“Eu vou lá fora e chamo a aten- ção, porque tenho o lugar marcado, até a matrícula está na placa!”, protesta Adélio. Sem êxito. Ontem, lá estava outra vez o envelope cor de laranja no para-brisas do carro, com o respetivo aviso de pagamento. “Há dois dias, cheguei aqui e já estava um controlador a passar a ‘multa’. Avisei-o, ele foi ver a placa e foi embora”, recordou.
Desta vez, o aviso foi mesmo passado: seis euros para pagar. Adélio Ferreira explica que, ainda assim, nunca recebeu qualquer carta em casa a avisar que tinha pagamentos em atraso.
O JN contactou a EPorto, concessionária do estacionamento pago na via pública da cidade, para obter esclarecimentos. Fonte da empresa disse que o sistema de pagamento de estacionamentos da Autarquia mudou e aconselhou Adélio a ir à Câmara pedir a isenção de pagamento, mesmo que os seus documentos estejam em dia. Dessa forma, o Município indica a matrícula e respetiva isenção à EPorto e a partir daí os controladores deixam de colocar avisos na viatura, não precisando sequer de ter o dístico de portador de deficiência.