Portugueses são campeões a usar o Facebook
Estatística Inquérito revela banalização do acesso à Net pelas famílias com filhos
Os portugueses sobressaem no uso das redes sociais. 70% dos utilizadores de Internet (entre 16 e 74 anos) participam no Facebook, a plataforma mais popular, quando a última média europeia estava 12 pontos abaixo. O resultado do inquérito do Instituto Nacional de Estatísticas (INE) sobre a utilização de tecnologias da informação revela ainda a banalização do acesso à Internet pelas famílias com filhos e que a ligação online estabelecida com o setor público supera a média dos estados-membros.
A adesão às redes sociais enforma razões de natureza comportamental, relacionadas com o modo de ser português, explica João Pissarra Esteves, professor universitário especialista na área das Ciências da Educação. “Há aspetos característicos dos portugueses que encaixam bem nas funcionalidades das redes sociais”. “Permite o convívio, de que tanto gostam os portugueses, valoriza o contacto. Muitas vezes os portugueses vão ali só dizer olá, marcar presença”. Reproduz “a cultura da cordialidade”.
Isto não quer dizer que não sejam utilizadas para o diálogo, efetiva trocas de ideias, debate, mas o investigador considera estes confrontos raros. Porque somos assim? “Explica-se pelo clima, pela valorização da proximidade. É uma característica dos povos do Sul”.
Pissarra Esteves está convencido que “os portugueses fazem sobretudo uma utilização lúdica e superficial” do Facebook.
João Canavilhas, especialista em narrativas web e vice-reitor da Universidade da Beira Interior, na Covilhã, justifica o êxito do Facebook junto dos portugueses pelas questões conjunturais, nomeadamente, movimentos migratórios, tanto internos como externos: ”Muitas destas pessoas procuram manter a ligação às suas regiões de origem e à sua geografia de afetos através das redes sociais”.
Efeito “Magalhães”
No entender de Pissarra Esteves, a penetração da Internet nos lares com filhos (92% contra 70%), poderá traduzir a aposta em políticas de fomento do uso das tecnologias cujo expoente maior foi a distribuição dos computadores Magalhães. Canavilhas tem outra opinião e relaciona “a alteração com a crescente oferta de pacotes de televisão e Internet a preços mais acessíveis”. E não será ainda alheia à “forte ligação entre pais e filhos, e à tentativa dos pais controlarem os filhos”.