Rede ibérica acusa Portugal e Espanha de desinteresse pela fronteira
Portugal e Espanha não encaram “de forma séria” a zona de fronteira entre os países e prova disso é o facto de os compromissos assumidos nas cimeiras bilaterais não saírem do papel. Quem o diz é José Couto, presidente do Conselho Empresarial do Centro e da Rede Ibérica de Entidades Transfronteiriças (RIET), desde ontem.
A organização luso-espanhola está a preparar as reivindicações a levar à próxima cimeira e constata que a “esmagadora maioria” dos temas se mantém em cima da mesa. Entre outros, José Couto fala da melhoria da ligação ferroviária em o Porto e Vigo; da partilha de infraestruturas de saúde e de educação; da autorização para que os bombeiros possam atuar do outro lado da fronteira, além dos atuais 50 metros; a criação de uma zona franca de circulação sem portagem; harmonização fiscal. “São medidas de bom senso, muitas vezes, só implicam ultrapassar a burocracia”, disse.
Os temas foram postos em cima da mesa dos dois governos na cimeira de Baiona, em junho deste ano. A reunião durou três horas, o que compara com o dia e meio que dura o encontro entre Espanha e França. “Os parceiros espanhóis da RIET dizem-me que Espanha dá mais atenção à fronteira francesa do que à portuguesa”, lamentou.
Conselho consultivo de fronteira
Luís Braga da Cruz (ex-presidente da Comunidade de Trabalho Galiza - Norte de Portugal e presidente de Serralves), Arlindo Cunha (ex-ministro da Agricultura e presidente dos Vinhos do Dão) e José Soeiro (atual provedor do beneficiário do Portugal 2020) estão entre os membros do Conselho Consultivo de Fronteira, criado ontem.