Jornal de Notícias

Empurrados de país para país

Refugiados Criança síria de cinco anos morre em naufrágio próximo de Lesbos

- Dina Margato dina.margato@jn.pt

As travessias entre países estão cada vez mais dificultad­as para os refugiados, obrigando-os a mudar de rota. Empurrados de fronteira em fronteira, continuam sem conseguir avançar rumo ao centro da Europa. São aos milhares os que estão bloqueados entre a Croácia e a Eslovénia. Os refugiados tentam agora chegar à Áustria, através desses dois países, já que a Hungria fechou a passagem via Sérvia.

Ammar, de 24 anos, natural de Bagdad, dentista, era uma dessas pessoas, já cansadas, que se queixavam das autoridade­s. “Não percebo porque fecharam a fronteira aqui. É um país pequeno e conseguimo­s ir a pé”, afirma. Ontem, mais uma criança síria de cinco anos morreu num naufrágio ao largo da ilha grega de Lesbos.

“A fronteira está fechada, a Polí- cia está aqui e ninguém nos deixa entrar. Não quero ficar aqui, queremos ir para a Áustria e de lá podemos ir para qualquer lado”, disse Ammar à Euronews.

Mais uma criança morre afogada

A Eslovénia quer enviar os refugiados de volta para a Croácia. A Sérvia está a fazê-lo na direção da Croácia e a Croácia, por sua vez, tem-nos enviado para a Hungria. Pelos menos uns 8000 foram encaminhad­os para a Hungria.

A Croácia começou por não dificultar a marcha dos refugiados, mas o elevado fluxo de pessoas (mais de 20 mil desde quarta-feira) e dificuldad­es de registo parece ter alterado a estratégia. “Agora a cada dia há novas rotas e novas regras de marcação do mapa da Europa. E sem uma solução pan-europeia é cada nação por si mesma”, assinala Lucy Williamson, jornalista da BBC, que está na Croácia.

Na passagem por mar, da Turquia até à Grécia, os naufrágios e as mortes continuam a acontecer. Uma menina síria de cinco anos morreu ontem, após o naufrágio da pequena embarcação onde seguia, e muitas outras pessoas foram dadas como desapareci­das, adiantou a AFP. Apenas 11 pessoas foram resgatadas. “Foi-nos dito que outras 26 pessoas seguiam no barco”, adiantou um porta-voz da guarda-costeira.

O barco afundou a este da ilha grega de Lesbos, um dos destinos eleitos para os refugiados vindos da Síria, que fogem da guerra civil. Anteontem, já tinha sido encontrado o corpo de outra menina, de quatro anos, na costa oeste da Turquia, igualmente síria.

No início do mês, a imagem do menino sírio de três anos Aylan Kurdi, que morreu afogado na travessia para a ilha grega de Kos e foi encontrado numa praia na Turquia, provocou indignação e comoveu o Mundo.

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