A dar cartas na Computação Quântica
Rui estava de férias quando conversou via email com o JN. Um descanso merecido, depois de ter defendido a tese de doutoramento no final do passado mês na Universidade de Oxford. A área? Computação Quântica. “Durante o curso, sempre me interessei pelas cadeiras mais ‘teóricas’, ou seja, de Matemática e de Fundamentos/Teoria da Computação.” O jovem cientista concluiu em 2009 a Licenciatura em Ciências da Computação na Universidade do Minho com 19 valores – havia entrado com 19,4. E foi na internet que descobriu o Mathematics and Foundations of Computer Science de Oxford que conjugava as suas duas áreas de eleição. “Acabei mesmo por fazer a dissertação de mestrado nessa áreas e por ficar a trabalhar nesse grupo como aluno de doutoramento no ano seguinte (e agora como post-doc)”, explica. Garante nunca ter sido focado nas notas. Sempre gostou “de aprender coisas novas”. Mas “nunca dei assim muita importância às notas nem perdia muito tempo a estudar para a quantidade absurda de testes que tínhamos”. Foi também várias vezes reconhecido no seu campo de estudo. Recebeu a bolsa do Programa Gulbenkian Novos Talentos de Matemática e foi bolseiro de investigação na Universidade do Minho. O percurso deste bracarense torna o futuro evidente: “Gostaria de prosseguir uma carreira académica, de continuar a fazer ciência. Não me imagino a fazer outra coisa, mas nunca se sabe”. Até finais de 2016, trabalhará como post-doc, “em continuação do trabalho desenvolvido no doutoramento”. Depois, terá de arranjar nova posição de post-doc. “E assim sucessivamente, esperando um dia conseguir uma posição mais permanente.” O regresso a Portugal não está decidido. Primeiro, porque não faz “planos com grande antecedência”. Segundo, porque não há “muita investigação na área específica em que estou a trabalhar”. E este será, atualmente, o principal impedimento. Num país onde se tem assistido a um “desinvestimento brutal na ciência e na educação da parte deste Governo”. Ao que acresce, diz, a carga letiva excessiva dos professores universitários: “Acho surpreendente que os docentes consigam arranjar tempo para fazerem investigação de qualidade com a quantidade de aulas que têm que dar”, conclui.