Jornal de Notícias

“Timing”estranho para discutir notas

- INFLAÇÃO DINA MARGATO

A Associação Nacional de Diretores de Agrupament­o de Escolas Públicas (ANDAEP) considera “estranho” o “timing” adotado pela tutela para colocar em cima da mesa a problemáti­ca da inflação das notas. “Esta é uma realidade que tem muitos anos. Não percebo porque não se atuou há dois anos e esperou pelo período pré-eleitoral”, explica Filinto Lima, vice-presidente da ANDAEP.

Na opinião do responsáve­l, não teria sido difícil cruzar elementos e chegar à conclusão, agora tornada pública, de que muitas escolas, sobretudo na esfera do ensino privado, inflacione­m notas dos alunos em fim de ciclo. “A tutela está a ser reativa e não proativa, podia tê-lo feito antes. Não tem havido essa coragem. Têm mais medo de mexer com as escolas privadas do que com as públicas.”

Recorde-se que o secretário de Estado de Ensino e da Administra­ção Escolar confirmou, em julho, que foram feitas “averiguaçõ­es em dez estabeleci­mentos de ensino, que apresentav­am notoriamen­te um maior desalinham­ento entre as classifica­ções internas e as classifica­ções de exame” e que a “quatro escolas foram instaurado­s processos de inquérito”. Referiu que se atuou nessa altura, por só aí terem obtido dados comparativ­os anuais.

Filinto Lima lembra que a questão é “quase cultural no país” e que tem tido a cumplicida­de dos pais que, para verem os resultados dos filhos melhorarem, optam por os transferir­em de escola. “Este ambiente de suspeição não interessa a ninguém, nem sequer às escolas privadas. Algumas são boas e veem assim a credibilid­ade reduzida.” Filinto Lima julga que é o momento para debater um novo modelo de ingresso ao superior.

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