“Timing”estranho para discutir notas
A Associação Nacional de Diretores de Agrupamento de Escolas Públicas (ANDAEP) considera “estranho” o “timing” adotado pela tutela para colocar em cima da mesa a problemática da inflação das notas. “Esta é uma realidade que tem muitos anos. Não percebo porque não se atuou há dois anos e esperou pelo período pré-eleitoral”, explica Filinto Lima, vice-presidente da ANDAEP.
Na opinião do responsável, não teria sido difícil cruzar elementos e chegar à conclusão, agora tornada pública, de que muitas escolas, sobretudo na esfera do ensino privado, inflacionem notas dos alunos em fim de ciclo. “A tutela está a ser reativa e não proativa, podia tê-lo feito antes. Não tem havido essa coragem. Têm mais medo de mexer com as escolas privadas do que com as públicas.”
Recorde-se que o secretário de Estado de Ensino e da Administração Escolar confirmou, em julho, que foram feitas “averiguações em dez estabelecimentos de ensino, que apresentavam notoriamente um maior desalinhamento entre as classificações internas e as classificações de exame” e que a “quatro escolas foram instaurados processos de inquérito”. Referiu que se atuou nessa altura, por só aí terem obtido dados comparativos anuais.
Filinto Lima lembra que a questão é “quase cultural no país” e que tem tido a cumplicidade dos pais que, para verem os resultados dos filhos melhorarem, optam por os transferirem de escola. “Este ambiente de suspeição não interessa a ninguém, nem sequer às escolas privadas. Algumas são boas e veem assim a credibilidade reduzida.” Filinto Lima julga que é o momento para debater um novo modelo de ingresso ao superior.