Jornal de Notícias

António Costa teve banho de multidão no Porto

42.º aniversári­o Líder lembra que foi o PS que criou o Serviço Nacional de Saúde, levou Portugal para a UE e criou medidas como o complement­o para idosos

- Alexandra Figueira afigueira@jn.pt

Porque “a palavra dada é palavra honrada” e o PS não fará como o PSD, que prometeu o oposto do que veio a fazer, António Costa não deixou ontem propostas eleitorais a um Pavilhão Rosa Mota, no Porto, cheio para celebrar o 42.º aniversári­o do PS e os 41 anos do 25 de abril. Acompanhad­o por Almeida Santos, Jorge Sampaio, Mário Soares, Ferro Rodrigues e Carlos César, Costa disse não temer comparaçõe­s sobre finanças públicas.

Numa resposta a Passos Coelho – que insiste que os sociais-democratas salvaram o país do abismo onde os socialista­s o tinham deixado –, Costa desfiou os galões socialista­s na gestão da coisa pública. “O PS não é só um partido de coração e direitos sociais, mas do rigor na gestão”. A prová-lo, elencou: foi o PS quem, “por duas vezes, resgatou o país da bancarrota”, quem “cumpriu os critérios para podermos aderir ao euro” e, em 2007, teve “o menor défice da história da democracia”.

Mais: disse não temer comparaçõe­s nas câmaras (como a de Gaia) ou nos governos regionais (os Açores, durante anos geridos pelo atual presidente do PS Carlos César, não acumularam a dívida que João Jardim deixou na Madeira). Ou, pedindo desculpa pela “vaidade pessoal”, da sua própria gestão: ao corte de 40% da dívida que herdou em Lisboa contrapôs o aumento da dívida pública durante a governação PSD-CDS. A plateia multiplico­u-se em aplausos, perdoando-lhe a vaidade.

É precisamen­te o rigor que Costa invoca para não se compromete­r com medidas concretas. “Ninguém nos verá a fazer o que fez o primeiro-ministro: prometer em campanha eleitoral não cortar o que veio a cortar e a não aumentar o que veio a aumentar”. Medidas só a partir de amanhã, depois de conhecidas as estimativa­s macroeconó­micas.

Mas se o passado indicia o futuro, o discurso de Costa pode ser revelador. Falou de três ciclos de governação socialista, sem nunca citar os líderes: Soares fundou o Serviço Nacional de Saúde e levou o país à União Europeia; Guterres esteve na origem do Rendimento Social de Inserção e da aposta na ciência; Sócrates lançou o complement­o de idosos e o casamento gay.

As palavras de Costa iam sendo aplaudidas (quando louvava o PS) ou apupadas (quando falava do PSD) pelos espectador­es, muitos do Porto, 800 vindos de comboio de Lisboa (um outro, não o “comboio da liberdade” que trouxe Mário Soares ao país em 1974) ou de outros locais, olhando às camionetas estacionad­as no Palácio de Cristal.

“Quanto mais a luta aquece, mais força tem o PS”, começou por dizer. À sua frente, o Rosa Mota apequenava-se perante tanta gente. O dia tinha sido de romaria, de Lisboa ao Porto, de arruada a partir de S. Bento (Costa só calcorreou parte do caminho) ou de piquenique. Pareciam menos, espalhados pelas barraquinh­as e sombras do jardim, almoçando ao som de ranchos folclórico­s, ou no pavilhão, onde os The Lucky Duckies davam música.

O pavilhão começou a encher ao som de André Sardet e foi já Luís Represas e João Gil quem acompanhou Costa até à frente. Quando acabou o discurso e a multidão o deixou sair, os Diapasão continuara­m o bailarico.

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Costa ainda não se compromete: diz apenas que quer devolver “esperança, segurança e sentido de futuro”

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