Futuro da robótica joga-se em campo
testam no futebol soluções de aplicação prática em casa
Já existem mais robôs no Mundo do que portugueses, o que equivale a dizer que são muito mais de 10 milhões. Até já jogam futebol e o objetivo destas máquinas inteligentes é defrontar a seleção campeã do Mundo de 2050 e, imagine-se, ganhar.
Golos, fintas, grandes penalidades e muitos craques. Nada falta para ser um jogo de futebol a sério. Em campo, os jogadores robóticos são estrelas sem nome, apesar de já ter havido, em tempos, uma equipa de cães robôs onde brilhavam, por exemplo, Pluto Postiga, Snoopy Deco e Milu Baía.
A liga que atrai mais atenções é a dos Robôs Médios. A final nacional jogou-se no fim de semana, em Vila Real. Na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, a atmosfera era a de um estádio. Diz quem as- siste a estes eventos que se vibra como num jogo entre humanos. Mas depois do apito final, o futebol é apenas um pretexto porque “o que ali se faz é ciência”. Ricardo Dias, da equipa da Universidade de Aveiro, garante que todo o trabalho feito em torno da equipa de futebol tenta ser “o mais modelar possível para que se possa transportar para outros projetos”. Um mordomo robótico
A principal impulsionadora do futebol robótico é uma investigadora portuguesa, que vive nos Estados Unidos. Manuela Veloso é docente na Universidade de Carnegie Mellon, nos Estados Unidos, e explica que o que acontece em campo é “o aperfeiçoamento da cooperação entre as máquinas num ambiente incerto e complexo”. Os algoritmos usados aplicam-se em situações com caráter de incerteza como, por exemplo, operações de salvamento em incêndios ou outras catástrofes. “Colocamos robôs a jogar futebol, mas trabalhamos, sobretudo, a forma como eles podem cooperar, o que vai ser muito útil no futuro”, revela Luís Paulo Reis, investigador da Universidade do Minho.
A presença de robôs na nossa vida já é uma realidade bem presente. Podem ser um simples aspirador ou um míssil. Os nossos próprios automóveis são robôs e já há os que estacionam sozinhos. Existe tecnologia suficiente para que os carros sejam autónomos, ou seja, ir de um ponto a outro sem intervenção humana. No entanto, Luís Paulo Reis alerta que o caminho ainda é longo até estarem na nossa garagem.
Ter robôs a ajudar-nos em casa já não é apenas ficção e Luís Paulo Reis garante que, no futuro, “teremos muitos mais”. A imagem do mordomo robótico parece ainda muito utópico, mas “será uma realidade, claramente”. O investigador admite que há “tarefas muito complicadas” como dobrar roupa, mas aspirar já é uma tarefa feita por vários tipos de robô, de forma autónoma.
Manuela Veloso não tem dúvidas em afirmar que “daqui a uns anos iremos ter robôs a fazer tarefas em edifícios públicos, como hospitais, e nas nossas casas”. A aposta nesta área de investigação é cada vez maior. “Acredito que estarão disponíveis em breve e não será um futuro assim tão distante”, remata.