Poupanças no hospital deixam visitas sem controlo
Aveiro Apenas dois seguranças num edifício onde entra quem quer, para desespero dos profissionais de saúde e risco dos doentes
Os doentes e os profissionais do Hospital de Aveiro estão à mercê dos visitantes, tenham estes as melhores ou as piores das intenções para com os doentes. Há largos meses que a administração do Centro Hospitalar do Baixo Vouga (CHBV), onde Aveiro está integrado, decidiu desinvestir na segurança, deixando de controlar as visitas. Existem apenas dois elementos de uma empresa privada, um à entrada do hospital, mas que se limita a controlar o parque de estacionamento, e outro à porta da urgência. Conforme comprovou o JN anteontem (ver texto em baixo), qualquer um pode entrar e circular por (quase) todo o lado, para desespero dos profissionais do hospital, que se queixam de invasões das enfermarias.
A decisão de “abrir o hospital à população”, foi esse o argumento utilizado pelo anterior presidente do Conselho de Administração, Jo- sé Afonso, entretanto substituído por Aurélio Rodrigues, que não respondeu ao JN (ver caixa), permitiu poupar 50 mil euros por ano.
A decisão não foi compreendida sequer por outros administradores, tendo dois deles (Ana Lúcia e Pedro Almeida) criticado a medida, “que põe em causa a segurança de doentes e profissionais”, na carta de demissão enviada em março ao ministro da Saúde . “A política de porta aberta da instituição permite que não haja qualquer controlo das visitas a doentes internados, sendo frequente ver, por exemplo, pessoas a pedir esmolas no interior dos edifícios do Hospital de Aveiro”, escreveram os administradores.
A falta de controlo nas entradas durante o horário das visitas (anteriormente apenas deixavam entrar duas pessoas por doente) estendese ao exterior, tendo um ex-administrador encontrado um indivíduo a fumar droga no jardim do hospital durante o dia, aproveitando a ausência de vigilância.