Vandalismo não põe em causa reabilitação de A Brasileira
Arquiteta Maria Ginestal Machado pondera fazer algumas réplicas das peças roubadas
O ASSALTO perpetrado no fim de semana no histórico edifício de A Brasileira, na Baixa do Porto, deixou marcas profundas de devastação. Ainda assim, nada que coloque em causa o projeto de reabilitação, desenhado pela empresa APEL-Arquitetura, Planeamento, Engenharia, SA, do arquiteto Ginestal Machado.
Ontem, no dia em que o edifício passou a ter um alarme de segurança, a arquiteta Maria Giestal Machado visitou o imóvel e garantiu que o furto “em nada irá afetar o projeto inicial, nem tão pouco pôr em causa o desenrolar da empreitada”.
Ainda que tenham sido pilhados todos os elementos distintivos do edifício, feitos em cobre como: colunas, puxadores, rodapés, e até armações de portas e espelhos.
Segundo a arquiteta, “haverá elementos, que se houver necessidade, poderão ser replicados”, como colunas revestidas a cobre. Ainda que quase todas tenham sido pilhadas, uma ficou devastada pela metade.
Todavia, para Maria Ginestal o “roubo maior” foi terem levado o “elemento mais distintivo” de toda A Brasileira: o corrimão e a restante estrutura da escadaria, peça datada de 1938, da autoria do arquiteto Januário Godinho.
“Era uma peça única e a intenção sempre foi mantê-la. Aliás, o lobby do hotel foi pensando a partir desta estrutura. Uma solução para este espaço terá sempre de ser debatida com o proprietário [António Oliveira ]”, referiu.
Já para alguns elementos de valor que ficaram intactos, como os candeeiros da sala do antigo Caffé Di Roma, o JN sabe que está a ser estudada a hipótese de a Direção Regional de Cultura do Norte os recolher e aí ficarem guardados.
Ladrões beberam sangria
Olhando para os vestígios deixados pelos assaltantes, ganha força a tese de que quem protagonizou o assalto fê-lo com tempo, e sem preocupações de que poderia ser apanhado.
É que além de ter sido usadas uma rebarbadora e uma serra para cortarem os elementos em cobre (o corrimão em curva tinha 12 metros de extensão e estava cravado em betão), os assaltantes tiveram ainda tempo para mudar de roupa (deixando várias peças espalhadas no balneário), e para comerem iogurtes e beberem sangria.
Suspeita-se que a entrada dos ladrões tenha sido feita pelo imóvel contíguo que se encontra em obras. Já a saída deve ter acontecido pela porta principal do Caffé Di Roma, uma vez que a porta estava arrombada por dentro.