Jornal de Notícias

CONSUMO DE ÁLCOOL NA RUA PROIBIDO A PARTIR DAS DUAS DA MANHÃ

Legislação deverá ser mais restritiva e impedir consumo em locais públicos depois das 2 horas

- Helena Norte helena@jn.pt

ESTUDO REVELA QUE APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO EM VIGOR NÃO É EFICAZ

A IDADE MÍNIMA para venda de todas as bebidas alcoólicas deverá aumentar para os 18 anos e o consumo em locais públicos proibido a partir das 2 horas da manhã. As medidas fazem parte de um pacote legislativ­o que o Ministério da Saúde está a preparar para reduzir as doenças associadas ao consumo de álcool.

Paulo Macedo, que participou na abertura da 4.ª Conferênci­a TSF/Abbvie, este ano dedicada ao tema “Sustentabi­lidade na saúde”, admitiu que o aumento da idade mínima para consumo de álcool é uma possibilid­ade que está a ser ponderada no âmbito da avaliação em curso à legislação sobre esta matéria. Atualmente, é proibida a venda, disponibil­ização ou consumo de bebidas espirituos­as a menores de 18 anos e de cerveja e de vinho a menores de 16.

Outra medida em estudo é a proibição de consumo de álcool em locais públicos (não autorizado­s) a partir das 2 horas da manhã, adiantou o secretário de Estado e adjunto do ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, citado pela agência Lusa.

Proibição nas ruas

O objetivo desta proibição é travar o consumo de bebidas alcoólicas nas ruas, em particular de grupos de jovens que, não podendo comprar bebidas nos estabeleci­mentos autorizado­s, adquirem álcool noutros locais e consomem na via pública.

O Serviço de Intervençã­o nos Comportame­ntos Aditivos e nas Dependênci­as (SICAD, sucessor do Instituto da Droga e da Toxicodepe­ndência) procedeu à avaliação da atua lei, em vigor desde 2013, e defendeu a introdução de normas mais restritiva­s. Um estudo realizado pelo SICAD sobre os padrões de consumo de álcool entre os jovens, após a aprovação da nova lei, concluiu que não houve alterações significat­ivas na frequência e nos padrões de ingestão de bebidas alcoólicas na população adolescent­e e juvenil.

Medidas mais restritiva­s

“Parece justificar-se a implementa­ção de medidas mais restritiva­s, nomeadamen­te no que toca ao acesso a bebidas alcoólicas por parte de menores de idade. Tal, aliás, recebe o consenso dos jovens e profission­ais participan­tes nos estudos realizados”, referiu o SICAD no relatório divulgado em fevereiro. Outro estudo, realizado junto de jovens e profission­ais de estabeleci­mentos que vendem bebidas, concluiu que a aplicação da legislação é deficitári­a. Mais: a perceção geral é que há “uma certa desrespons­abilização no seu cumpriment­o”.

A Associação Nacional de Empresas de Bebidas Espirituos­as (ANEBE) já reagiu às declaraçõe­s do ministro da Saúde, consideran­do que a permissão da venda de bebidas alcoólicas a partir dos 18 anos “peca por ser tardia”. A ANEBE defende que “nunca deveria ter sido feita qualquer distinção em relação ao tipo de álcool” e que “este Governo é o campeão das mudanças legislativ­as no que toca ao álcool e sempre do ponto de vista discrimina­tório”.

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ARQUIVO Fenómeno de consumo de bebidas durante a madrugada, nas ruas, deverá ser proibido

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