Morte na Urgência leva a inquérito
O HOSPITAL de Aveiro vai instaurar um processo de averiguações interno, para determinar se todos os procedimentos médicos foram corretos no atendimento de José Malaquias, de 77 anos, que morreu numa maca da Urgência, anteontem à tarde, onde tinha dado entrada quase 24 horas antes, conforme o JN avançou ontem. “Nada nos faz parecer que haja justificação clínica para um inquérito. Mas devido ao efeito mediático do caso, vamos avançar com um processo”, esclareceu, ao JN, Paulo Ferreira, diretor clínico.
De acordo com o hospital, José Malaquias, de Ílhavo, deu entrada na Urgência, às 17.37 horas de domingo, com suspeitas de um “AVC agudo”, e “foi atendido após quatro minutos”. “Trata-se de um senhor que já tinha tido duas tromboses, que tinha cancro na próstata e hipertensão. Não ficou no corredor. Estava numa área adjacente ao balcão, em observação, mais vigiado naquela zona do que em qualquer quarto ou outro sítio”, adiantou Ferreira. Testemunhas reafirmaram ao JN que o doente estava no corredor. Apesar de haver, na altura, vagas no Serviço de Observação (SO) e noutros, José foi mantido naquele local, sem estar monitorizado. “Clinicamente, não estava suficientemente estável para que a equipa decidisse encaminhálo para uma cama de SO ou de internamento”, sublinhou.
O hospital nega que o idoso tenha sido encontrado morto por uma acompanhante de outro doente. Alega que foi “um enfermeiro” que se apercebeu de que o homem estava “em degradação do estado de consciência”. “Isso é mentira, foi uma acompanhante que chamou o enfermeiro, que chegou lá e abanou-o, levando-o de seguida”, reafirmaram ontem pessoas que estavam no corredor.