UMA MENINA QUE CELEBRA HOJE 80 ANOS
Banda desenhada Luluzinha surgiu em 23 de fevereiro de 1935, em cartoon no “Saturday Evening Post”
SE AS HEROÍNAS de banda desenhada cumpriram durante anos quase sempre o papel de mulheres belas e sensuais, mas fracas e indefesas para serem salvas pelos seus noivos eternos, enquanto meninas, revelaram-se fortes e mandonas. Luluzinha, que hoje completa 80 anos, é um desses exemplos, onde também cabem a Mônica, a Mafalda e a Lucy, dos Peanuts.
Estreada a 23 de fevereiro de 1935, num cartoon publicado no “Saturday Evening Post”, Little Lulu – popularizada entre nós como Luluzinha, em especial em edições brasileiras, foi uma criação da norte-americana Marjorie Henderson Buell (19041993), uma das primeiras autoras de BD dos EUA.
Naquele cartoon, Luluzinha, mostrando o seu carácter forte, lançava cascas de banana à frente de uma noiva que se encaminhava para o altar em lugar das tradicionais pétalas. Os cartoons predominaram durante cerca de uma década, passando depois a histórias aos quadradinhos, publicadas no formato de tira diária em jornais ou, a partir de 1948, na revista com o seu nome.
Distinguindo-se pelo seu vestido vermelho e o cabelo aos cachinhos, a menina era determinada e teimosa e gostava de mandar. Ao seu lado, surgiam Bolinha (Tubby, no original) – obrigado a sujeitar-se à sua von- tade, apesar de ser o criador do célebre clube sexista só para rapazes que se distinguia pela tabuleta “Menina não entra” –, Carequinha, Alvinho, Aninha, o rico Plínio, a bela Glória e a professora dona Marocas.
Com eles, os diversos autores que a desenharam, entre os quais se destacam John Stanley (1914-1993) e Irving Tripp (1921-2009), traçaram um retrato da sociedade, abordando com boa disposição questões relevantes como as diferenças entre os sexos, as desigualdades sociais ou o quotidiano familiar e escolar.
O êxito da Luluzinha levoua a protagonizar filmes de animação, uma série televisiva com atores reais e fez dela a cara dos lenços Kleenex, em meados do século passado.