Boleia da Jerónimo Martins leva Delta a dez lojas na Eslováquia
Grupo Nabeiro-delta faturou 500 milhões de euros no ano passado e espera crescer 12% em 2024. Subida de 200% do preço da matéria-prima levará a um aumento do preço da bica em Portugal, admite o CEO. Estreia na Eslováquia acontecerá em dez lojas Biedronka da Jerónimo Martins.
Depois de faturar 500 milhões de euros no ano passado, o Grupo Nabeiro-delta Cafés espera crescer 12% em 2024. Os números foram revelados na quarta-feira pela empresa, que ainda neste ano conta expandir a atividade para a Eslováquia, onde vai estar presente em 10 lojas, à boleia da Jerónimo Martins, que vai levar a cadeia polaca Biedronka para aquele país.
“As cápsulas têm sido um motor de crescimento importante. Valem 15% do negócio. Talvez o mercado que mais tem puxado é a Polónia, onde a Delta Q tem hoje uma quota de 25% e só estamos na Biedronka, o que é muito bom”, afirmou o CEO, Rui Miguel Nabeiro, aos jornalistas, à margem do evento anual de apresentação das novidades para este ano, em Lisboa.
A parceria exclusiva com a Jerónimo Martins colocou a Delta na Biedronka – a cadeia de supermercados que representa 70% das receitas do grupo dono do Pingo Doce – que, no final do ano, vai expandir à Eslováquia. E, segundo Rui Miguel Nabeiro, a Delta vai com a marca da “joaninha”.
Exportação representa 30%
O Grupo Nabeiro-delta Cafés fechou o ano passado com uma faturação de 500 milhões de euros – contra 460 milhões em 2022 – e espera crescer 12% em 2024 para 560 milhões de euros.
A exportação representou sensivelmente 30% do negócio, com Espanha, Angola e França a figurarem como os três principais mercados do grupo com sede em Campo Maior, adiantou o CEO.
A previsão de crescimento das receitas ancora-se desde logo na aquisição da AMD Swiss, uma distribuidora suíça descrita como “de referência de produtos portugueses”, efetivada no início do ano com o objetivo de reforçar a presença no mercado helvético onde está desde 2016. “A nossa expectativa é que faça 14 milhões”, especificou.
O grupo conta também aumentar o volume de negócios via crescimento orgânico, muito à boleia de novos produtos. “Contamos que 50% daquilo que crescemos seja por via da inovação”, ou seja, via produtos lançados nos últimos três a quatro anos.
A inovação tem “orçamento” no grupo que, ao todo, por via da Diverge e da Delta Ventures, lhe dedica, por ano, “1 a 2% da sua faturação”, revelou. Neste capítulo, em 2024 a companhia anunciou novidades que passam pela entrada em novas categorias de produtos, mas também contemplam novos aromas de café, uma nova Delta Q ou ainda uma versão melhorada de uma biocápsula.
Rui Miguel Nabeiro adiantou que o grupo figura no 22.º lugar do “ranking” mundial das marcas de café e manifestou a expectativa de entrar no restrito clube das 10 melhores do mundo no espaço de “10 a 15 anos”, na esperança de que esse seja o seu “legado”.
Preço da bica vai subir
O CEO confirmou ainda que o preço do café vai subir para o consumidor, dizendo ser impossível absorver o aumento do valor da matéria-prima que, num ano, triplicou. “É uma certeza absoluta que vai ter [reflexo no preço ao consumidor a breve trecho]. Não temos forma de [...] acomodar nas nossas margens uma subida de 200% do café robusta [o mais consumido em Portugal] face há um ano”, disse Rui Miguel Nabeiro.
O líder do grupo notou que “também haverá muita especulação”. “Nós não somos especuladores. Temos de comprar o café, torrar o café e os preços que estamos a pagar são absolutamente... Pela primeira vez na história, vimos o café robusta estar mais caro do que o arábica”, enfatizou. ■
2% INOVAÇÃO
O grupo dedica 1% a 2% da sua faturação à inovação através da Diverge e da Delta Ventures.