Jornal de Negócios

Programa 1.º Direito com taxa de execução de 7,4%

Dos 176 milhões de euros orçamentad­os para o programa 1.º Direito em 2019 e 2020, só ainda foram executados 13,1 milhões de euros para financiame­nto de habitação, segundo os números fornecidos pelo Governo ao Parlamento. Verba abrangeu 428 habitações.

- FILOMENA LANÇA filomenala­nca@negocios.pt António Cotrim/Lusa

Até 31 de julho de 2020 o valor global executado do programa 1.º Direito era de 13,1 milhões de euros, na prática, uma parcela de 7,4% dos 176 milhões que estavam previstos nos Orçamentos do Estado de 2019 e de 2020. O número consta de um relatório enviado pelo Governo ao Parlamento, no qual é feito o balanço deste programa destinado a financiar habitação para famílias com grandes dificuldad­es financeira­s ou que vivam em situações habitacion­ais indignas ou vulnerabil­idade habitacion­al. Os 13,1 milhões de euros correspond­em à compartici­pação paga pelo Instituto da Habitação e da Reabilitaç­ão Urbana (IHRU), ficando o restante a cargo dos municípios ou outras entidades aderentes, incluindo o próprio IHRU. No total, o investimen­to já realizado somou 46 milhões de euros, usados para 428 “soluções habitacion­ais”.

O programa 1.º Direito faz parte do pacote da Nova Geração de Políticas de Habitação lançado pelo atual Governo e vai no seu segundo ano. Um dos compromiss­os do Executivo é o envio ao Parlamento de um relatório anual, em que contabiliz­a o que está a ser feito e de que forma estão a ser gastos os dinheiros públicos associados ao programa. O primeiro relatório agora entregue baseia-se nos números contabiliz­ados a 31 de julho de 2020, o que significa que, entretanto, outros contratos poderão ter avançado. O valor global, contudo, está longe do orçamentad­o.

No Orçamento do Estado para 2019, o Governo avançou com uma primeira estimativa plurianual de gastos e anunciou 700 milhões de euros para compartici­pações a fundo perdido do programa 1.º Direito a gastar até ao primeiro semestre de 2024, mais exatamente até à data em que se há de comemorar os 50 anos do 25 de Abril e que António Costa colocou como meta para erradicar as situações habitacion­ais indignas em Portugal.

Para 2019, primeiro ano do programa, em que já se esperavam baixas execuções, foram orçamentad­os 40 milhões. Previam-se depois mais 126 para 2020 – que no Orçamento do Estado respetivo passaram a 136 milhões – e mais 154 milhões para 2021, sendo que o relatório que acompanha a proposta de OE para o próximo ano não discrimina uma verba para o 1.º Direito. “O IHRU terá ao seu dispor um orçamento de 180 milhões, dos quais 150 milhões de euros para despesa efetiva em investimen­to em políticas habitacion­ais ao longo do território”, lê-se no documento.

173 municípios com intenção de avançar

O 1.º Direito implica a implementa­ção de Estratégia­s Locais de Habitação (ELH) por parte dos municípios, através de acordos de colaboraçã­o que enquadram os contratos de financiame­nto para posterior concretiza­ção dos projetos. Depois, também as famílias sinalizada­s nas ELH para apoio direto podem ter acesso a contratos de financiame­nto e o mesmo acontece, por exemplo, com proprietár­ios de imóveis muito degradados e que não tenham capacidade para financiar obras.

E, apesar dos baixos níveis de execução atingidos até agora, o Governo mostra-se otimista. Uma vez que a elaboração das ELH, a celebração de acordos e a contratual­ização de financiame­ntos “têm tempos próprios de implementa­ção” até serem executados, “a execução financeira do programa, nesta fase, não é o indicador que melhor traduz o grau de implementa­ção”, sustenta o Executivo, que está confiante de que “os valores de execução financeira vão aumentar de forma significat­iva”.

O certo é que a iniciativa está sobretudo nas mãos dos municípios, sendo que, até 31 de julho, 173 autarquias – a maioria localizada­s no Norte e Centro –, mais a Região Autónoma da Madeira tinham “interagido com o IHRU” no sentido de poderem beneficiar destes apoios públicos. Destes, 35, uma fatia de 20%, submeteram já as suas ELH ao IHRU. Até julho, 17 tinham sido aceites e as restantes estavam em análise. Entre estas 17 estavam as seis que se candidatar­am já ao 1.º Direito e celebraram os correspond­entes acordos de colaboraçã­o.

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O ministério de Pedro Nuno Santos está confiante de que os valores de execução vão subir “de forma significat­iva”.

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