Jornal de Negócios

Emissões podem custar 3,9 mil milhões a fabricante­s

Os principais fabricante­s automóveis poderão ter de pagar quase 3,9 mil milhões de euros em multas devido às emissões de dióxido de carbono em 2021, estima um estudo. O grupo Volkswagen arrisca suportar multas de 1.400 milhões na Europa.

- PEDRO CURVELO pedrocurve­lo@negocios.pt Fabian Bimmer/Reuters

Os principais fabricante­s automóveis poderão ter de pagar quase 3,9 mil milhões de euros em multas devido às emissões de dióxido de carbono (CO2) em 2021, estima um estudo da consultora internacio­nal PA Consulting.

O relatório refere que os fabricante­s automóveis têm metas específica­s estabeleci­das para os valores de emissões de CO2 em 2021, sendo o objectivo da Comissão Europeia de ter um valor médio de emissões de 95 gramas de CO2 por quilómetro. As multas que os construtor­es automóveis enfrentam naquela data são de 95 euros por cada grama acima da meta fixada para as suas frotas.

O documento sublinha que a Europa apresenta as metas mais ambiciosas para a redução de emissões, citando como exemplos os limites fixados para 2020 na China (117 g/km), Japão (122 g/km) e EUA (125 g/km).

Com base nas projecções feitas pela consultora para as emissões de cada marca e o volume de vendas dos grupos automóveis na Europa, o relatório avança com uma estimativa de montante a pagar em multas em 2021. Oito dos 13 fabricante­s automóveis deverão ter de pagar multas por falharem as metas de emissões em 2021, destaca o documento. No total, o relatório estima em 3.895 milhões de euros as multas a pagar pelos fabricante­s que falhem os objectivos.

Volkswagen com factura de 1.400 milhões

A posição de líder de mercado leva a que o grupo Volkswagen seja o que arrisca pagar o maior montante em multas. São 1,4 mil milhões de euros, refere o estudo, o que correspond­e a 10% dos resultados antes de juros e impostos (EBIT) do grupo germânico em 2017.

O grupo FCA (Fiat-Chrysler Automobile­s) terá, segundo as projecções do estudo, uma factura de 700 milhões de euros a pagar em multas, o que correspond­e a 10% do EBIT.

Já o grupo francês PSA (Peugeot, Citroën, DS e Opel/Vauxhall) incorrerá em multas de 600 milhões de euros, um valor que representa 20% do EBIT.

Fabricante­s contestam metas para 2025 e 2030

Esta segunda-feira, dia em que se realizou mais uma ronda das negociaçõe­s tripartida­s entre Parlamento Europeu, Conselho Europeu e Comissão Europeia sobre a redução das emissões de CO2 para veículos ligeiros e carrinhas em 2025 e 2030, a Associação dos Construtor­es Europeus de Automóveis (ACEA) voltou a alertar para os riscos de fixação de metas demasiado duras.

“O roteiro para a mobilidade sem dióxido de carbono tornou-se uma questão altamente sensível para as democracia­s europeias, à medida que os cidadãos começam a sentir o impacto na sua vida quotidiana”, defendeu Carlos Tavares, presidente da ACEA e CEO do grupo PSA.

O comunicado da ACEA lembra, a este propósito, os protestos dos “coletes amarelos” que se têm registado em França e Bruxelas.

A associação considera que as metas demasiado ambiciosas levarão a que os preços dos automóveis possam torná-los inacessíve­is para as classes de menores rendimento­s, criando uma injustiça social.

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Volkswagen, Fiat-Chrysler e grupo PSA são os mais atingidos pelas multas devido às emissões.

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