Porto cobra dívidas sem chamar “bandidos” aos clientes A empresa quer “democratizar o acesso” a esta ferramenta e chegar às PME com facturação a crédito.
A Invisible Collector recorre a inteligência artificial para interpretar o comportamento do cliente na interacção com o credor. Este software já geriu dívidas de 100 milhões de dólares em meio milhão de processos.
Não vender um método de cobrança, mas um sistema que restabelece a confiança entre empresa e cliente. É este o princípio da Invisible Collector, que recusa tratar a dívida como um mero problema financeiro e cujo software recorre a inteligência artificial para gerir de forma eficiente os processos de recebíveis de uma instituição. “Um bom cliente atrasa-se 10 dias e é logo tratado como um bandido? Isso é a política comercial a ser totalmente defraudada pela área de cobranças”, aponta o CEO, Pedro Mendes, frisando que, além da falta de dinheiro, “há outras razões igualmente válidas para uma dívida não ser liquidada”.
Ao “interpretar aspectos tangíveis do comportamento do cliente na interacção com o credor”, a empresa do Porto reclama que consegue ainda “antecipar potenciais ‘defaults’, prever ‘cashflows’ futuros, reduzir em mais de 80% os custos operacionais”. Já tem vendas na área da digitalização do processo de cobranças, lançou recentemente a de pagamentos através da plataforma e o próximo passo são funcionalidades como a sugestão automática de estratégias de contacto ou ter o sistema preparado para o cliente abrir a conta e começar logo a usar (“plug & play”).
Estimando uma facturação acima dos 230 mil euros no final deste ano, Pedro Mendes contabiliza que, desde o lançamento dos primeiros pilotos em Novembro de 2017, a Invisible Collector já foi usada em cerca de meio milhão de processos individuais e geriu dívidas de mais de 100 milhões de dólares – o valor total foi convertido para a moeda americana para ser uniforme, pois trabalha para clientes que exportam para Angola, Moçambique ou Reino Unido.
Parcerias Vodafone e BBVA
Apesar de ter como clientes sobretudo empresas de recuperação de créditos e consultores financeiros que trabalham com grandes negócios, o empreendedor nortenho quer “democratizar um bocadinho o acesso a esta ferramenta profissional” ao chegar às PME com vendas até cinco milhões de euros e facturação a crédito. “E que pensem ‘tenho aqui uma solução e, se calhar, consigo começar a tratar do problema sem precisar de recorrer a uma entidade externa ou a advogados”, acrescentou.
Uma das vias para chegar às PME é através da inclusão da Invisible Collector no “marketplace” de soluções para clientes empresariais que a Vodafone vai lançar no próximo ano. “Temos isso fechado com eles”, assegurou Pedro Mendes, que valoriza a integração no programa “Power Lab” da operadora de telecomunicações e ambiciona tê-la também como cliente na área das cobranças para particulares.
Outro “grande projecto” está a ser desenvolvido em Espanha com o BBVA, com o objectivo de integrar os novos serviços do banco nesta solução. O gestor explica que em causa está o pagamento digital através do próprio sistema interno do banco, a simulação de financiamento com base nas facturas que as empresas emitem e também financiar os próprios clientes devedores com base nas métricas de credibilidade que as instituições já têm sobre eles.
O Negócios apresenta os dez projectos finalistas do prémio lançado pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) e pela consultora EY, dedicado a jovens empresas portuguesas com a ambição de fazer as malas e conquistar a maior economia do mundo. Após ter consagrado a plataforma de gestão de frotas de pesca da Bitcliq na primeira edição, a sucessora desta empresa das Caldas da Rainha vai ser anunciada a 20 de Dezembro.