“Já tivemos vários telefonemas a perguntar como se faz um IPO”
O objectivo de Miguel Pina Martins era que a estreia das acções ocorresse no Natal porque é quando se fala de brinquedos. E isso tirou-lhe “o sono”.
Depois de decidir que pretendia ir para a bolsa, Miguel Pina Martins concluiu que o melhor era fazê-lo no Natal. Ganhava a operação e ganhavam as vendas. Mas, para o conseguir, trabalhou em “contra-relógio”. Perdeu o sono e emagreceu. No dia-a-dia da empresa, pouco vai mudar mas o ganho em visibilidade vai compensar.
No Natal é “quando temos um pico de vendas. É quando se fala mais de brinquedos, quando há mais exposição mediática e considerámos que era importante tentar juntar as duas coisas”, explica Miguel Pina Martins. Contudo, só em Junho decidiu avançar com a oferta pública inicial (IPO, na sigla anglo-saxónica).
“Foi tudo contra-relógio”, resume o presidente executivo da Science4you. “Não tenho tido muito tempo para desporto. Agora a minha corrida ultimamente tem sido o IPO. Estou a emagrecer bastante por isso”, confidencia entre risos. Mas esta operação tirou-lhe o sono? “Tirou porque tivemos de trabalhar muito à noite porque estávamos em contacto constante com a CMVM”, explica.
E, concluída a operação, não trará muitas mudanças à gestão da empresa. “O governance é o mesmo. Muda é um bocadinho o esquema. Temos de ter mais sigilo em relação à divulgação de informação. E já estamos habituadíssimos a fazer reporte de informação”, antecipa Miguel Pina Martins.
Além disso, os custos de estar em bolsa “compensam”, porque a empresa “ganha mais credibilidade”, o que é importante para quem está presente nos mercados internacionais. “Qualquer fornecedor ou qualquer cliente pode ir consultar e ver o que é que a empresa vale, como é que está, em vez de sermos nós a contar histórias”, sublinha.
Ao mesmo tempo, “se for preciso ir ao mercado, é mais fácil, se precisarmos de um aumento de capital, de emitir obrigações, ganhamos uma série de opções que acreditamos que possam ser bastante válidas”, justifica. E há ainda outro argumento para a operação: “Fazermos o nosso paragrafozinho ou, se calhar, frase, no mercado de capitais em Portugal porque acredito que precisamos de um mercado de capitais em Portugal.” “Depois de a Raize nos ter inspirado, também temos aqui o nosso contributo”, resume o CEO da Science4you.
A distribuição de dividendos “é sempre um objectivo. Também sou accionista e gostava de ver um dividendo na vida” mas, “neste momento, o potencial de crescimento da empresa ainda é tão maior do que propriamente a distribuição de dividendos”, esclarece Miguel Pina Martins que descarta um afastamento da empresa “enquanto puder acrescentar valor”.