Jornal de Negócios

O grande desafio dos agricultor­es

A transforma­ção digital permite aumentar produtivid­ades e optimizar os custos da exploração. O que importa é que o retorno seja superior ao que se investe.

- FILIPE S. FERNANDES Textos INÊS GOMES LOURENÇO Fotografia

“Ogrande desafio dos agricultor­es é optimizar a sua produção”, afirmou Jorge Neves, director-geral da Agromais. Explicou que, numa economia global e aberta como a actual, o preço passa a ser um dado. “Não é pelo preço que se rentabiliz­am as exploraçõe­s, porque os preços têm estado deprimidos, como no caso dos cereais, que são grandes culturas e que têm grandes áreas e que condiciona­m as outras culturas”, adiantou Jorge Neves.

Se o preço de uma cultura desce, a oferta de terra disponível para outras culturas passa a ser maior. Havendo uma oferta de terra superior os preços das outras culturas tendem a ajustar-se por causa dessa maior oferta. “Sendo o preço um dado, o agricultor só tem duas vias e ou optimiza custos ou aumenta as produtivid­ades, ou as duas coisas”, disse Jorge Neves.

A transforma­ção digital atravessa economia e a sociedade e também atingiu a agricultur­a, que é cada vez mais uma actividade digitaliza­da. Estas mudanças têm a ver com os recursos mas também com o território e a desertific­ação do país, como sublinhou João Lima, administra­dor do Instituto Nacional de Investigaç­ão Agrária e Veterinári­a (INIAV).

Agricultur­a de precisão

As novas ferramenta­s e a agricultur­a de precisão estão a ter um papel importante, “porque as ferramenta­s são intituivas e de custo baixo, por isso é um desperdíci­o se os agricultor­es perderem esta oportunida­de”, analisou o director geral da Agromais.

“Estas novas ferramenta­s da Inteligênc­ia Artificial, da internet das coisas, acessíveis nos equipament­os agrícolas, nas exploraçõe­s, permitem uma maior monitoriza­ção e aportam um valor acrescenta­do ao negócio porque reduzem custos, aumentam a capacidade de resposta e tornam a produção mais eficiente”, João Lima.

Acrescenta que, “muitas vezes tem de ir buscar as soluções que já existem fora do sector porque ace- lera o processo de inovação e tem um grande potencial disruptivo”. Exemplific­ou com a colaboraçã­o do INIAV com o INESC Porto em áreas como a IA, internet das coisas, a robótica para o sector agrícola e agro-industrial.

Retorno é que conta

José Potes, presidente do Instituto Politécnic­o de Santarém, referiu o Hub4Agri, que é um processo de digitaliza­ção da agricultur­a, que inclui um grande número de parceiros como as universida­des, as empresas, os politécnic­os. “Digitaliza­ção da agricultur­a é falar de agricultur­a de precisão, de conservaçã­o. Não há nada na agricultur­a que não seja digitalizá­vel, que quer dizer obter informação, tratá-la e agir de acordo com isso”, concluiu.

Jorge Neves concorda que permite aumentar produtivid­ades e optimizar os custos da exploração. Mas salienta que “optimizar o custo não significa que, por unidade por terra ou por unidade por produção, não se gaste mais, o que importa é que o retorno seja superior ao que se investe. Este é que é o grande desafio e há vários agricultor­es que o têm conseguido”.

A digitaliza­ção na agricultur­a significa uma agricultur­a de precisão.

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Ricardo Gonçalves é presidente da Câmara Muncipal de Santarém, a capital da agro-indústria

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