Rio é a sorte grande de Costa
Desde que chegou à liderança do PSD, Rui Rio tem-se desdobrado em “ofertas”. Ofereceu-se para negociar a descentralização com o PS; ofereceu-se para negociar os fundos estruturais (20212027) com o PS; agora oferece-se para fazer acordos na Saúde. Para um defensor de acordos de regime, como o autor desta coluna, esta crítica pode parecer idiota: afinal o homem está a fazer aquilo que Passos Coelho não fez com António Costa. O problema é que os acordos que Rio se propõe fazer com o PS não são acordos de regime; são a sua forma de afirmar um caminho diferente do de Passos Coelho, que se recusava a ceder ao PS. E apenas isso. O país não precisa de acordos de regime em áreas como Saúde, Lei laboral, SegurançaSocial, Educação e Justiça? Precisa. Mas não das reformas de fachadaque o Partido Socialista está a fazer (veja-se as mexidas na legislação laboral, que Vieira da Silva anda a vender como aúltimaCoca-colado deserto...). As reformas de que o país precisa são impopulares, razão pela qual o PS não as subscreve. É por isso que a estratégia de Rui Rio apenas serve o Partido Socialista. António Costa fica a saber que tem uma muleta à direita, que pode utilizar como alternativa (ou para colher cedências) a PCP e Bloco de Esquerda. Nesse sentido, bem se pode dizer que lhe saiu a sorte grande. Quanto ao PSD, vai ficando cada vez mais colado ao PS. E o seu eleitorado deve estar a perguntar-se porque razão há-de escolher (nas próximas eleições) o PSD em vez do PS... se os dois partidos são tão parecidos nos seus programas.