Jornal de Negócios

Google, uma multa bizarra numa guerra que não é injusta

- CELSO FILIPE

Amulta de 2,4 mil milhões de euros que a Comissão Europeia aplicou à Google por práticas anti-concorrenc­iais relacionad­as com o Google Shopping tem uma dimensão que claramente ultrapassa este serviço.

“A decisão da Comissão também pode ser o ponto de partida para denúncias de empresas da Internet que se sintam prejudicad­as pelas práticas da Google. E não nos podemos esquecer das reclamaçõe­s potenciais por danos e prejuízos ocasionado­s, os quais poderão encontrar amparo na directiva de danos por ilícitos anti-trust recentemen­te aprovada”, escreve Pedro Callol, advogado especializ­ado em Direito da Concorrênc­ia.

O Financial Times, no seu editorial (não assinado) classifica como “bizarro” o fundamento de Bruxelas para multar a multinacio­nal norte-americana. O motivo, recorde-se, foi o de práticas anti-concorrenc­iais no segmento de comparaçõe­s de preços”. A empre- sa ainda tem disputas em aberto com as autoridade­s europeias relativas ao seu negócio publicitár­io, o AdSense, e o sistema operativo Android.

“A Google perdeu uma batalha que provavelme­nte merecia vencer. Isto não significa que mereça a vitória nas batalhas que se avizinham ou que a guerra é injusta”, escreve o editoriali­sta do jornal inglês.

A abordagem da União Europeia é também distinta da adoptada pelos Estados Unidos, até porque as tecnológic­as deste país têm uma posição dominadora à escala mundial.

A Europa tem sido mais agressiva na acção contra monopólios do que os EUA”, afirma Nicolas Petit, professor de Direito da Concorrênc­ia e Economia da Universida­de de Liége na Bélgica, citado pelo New York Times. Esta é uma longa procissão que ainda agora vai no adro.

“A decisão da Comissão pode ser o ponto de partida para denúncias de empresas que se sintam prejudicad­as.”

PEDRO CALLOL “A Europa tem sido mais agressiva na acção contra monopólios do que os Estados Unidos.” NICOLAS PETIT “A Google perdeu uma batalha que provavelme­nte merecia vencer. Isso não significa que a guerra é injusta.”

FINANCIAL TIMES

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