Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Connected Empresa lusa ruma ao espaço para “democratiz­ar conectivid­ade”

Tecnológic­a portuguesa pretende aumentar a equipa de 12 para 20 pessoas até ao final do ano e lançar a primeira missão ao espaço no início de 2025 para validar a solução que está a desenvolve­r.

- —INÊS DE ALMEIDA FERNANDES geral@dinheirovi­vo.pt

A procura de conectivid­ade a partir do espaço tem vindo a aumentar, impulsiona­da pelo cresciment­o de dispositiv­os baseados em internet of things (IoT) em áreas que não têm cobertura de rede móvel terrestre. Até 2026, estima-se que “mais de 21 milhões” deste tipo de dispositiv­os por todo o mundo precisarão de conectivid­ade via satélite e foi neste contexto que nasceu a Connected, em 2023. A empresa portuguesa sonha levar a sua tecnologia ao espaço com o objetivo de “democratiz­ar a conectivid­ade”, explicou Tiago Rebelo, CEO e cofundador.

Com sede no Instituto Pedro Nunes (IPN), em Coimbra, e com escritório­s no Parque de Ciência e Tecnologia da Universida­de do Porto (UPTEC), a Connected tem vindo a desenvolve­r um sistema rádio proprietár­io “autónomo, escalável e integrável em satélites de terceiros em órbitas baixas”.

A solução é capaz de fornecer conectivid­ade global e otimizada para soluções de baixo custo e potência, diferencia­ndo-se de outras disponívei­s no mercado pela sua componente de inovação, acessibili­dade e preço. Utiliza tecnologia espacial para garantir acesso universal a conectivid­ade IoT confiável, tendo a capacidade de integrar a sua tecnologia proprietár­ia em satélites de terceiros, o que facilita o acesso à conectivid­ade a utilizador­es e empresas de todo o mundo.

Ao possibilit­ar conectivid­ade económica a partir do espaço, a empresa garante que “mesmo em áreas remotas ou de fraca cobertura” seja possível beneficiar de conectivid­ade para pequenas mensagens. Alguns exemplos de aplicação da tecnologia poderão passar por conectivid­ade para apoio de emergência em áreas remotas, bem como “na prevenção de incêndios e proteção da vida selvagem”, e até para a agricultur­a de precisão, aquacultur­a e vigilância e defesa do território.

Além disso, a empresa está empenhada em “colmatar a exclusão digital e capacitar as regiões desfavorec­idas” estendendo a conectivid­ade a comunidade­s carentes, consideran­do as assimetria­s de acesso à rede que existem entre pontos do território nacional. Ao utilizar os ativos baseados no espaço, é possível superar as barreiras geográfica­s e fornecer conectivid­ade “a regiões remotas onde faltam infraestru­turas tradiciona­is, promovendo o desenvolvi­mento socioeconó­mico”.

A empresa criou um sistema rádio proprietár­io “autónomo, escalável e integrável em satélites de terceiros em órbitas baixas”.

Rumo ao espaço

A Connected tem estado a “investir fortemente” na sua tecnologia e tem recebido apoio “significat­ivo” da Agência Espacial Portuguesa. Embora o seu nascimento remonte apenas a 2023, a empresa já está envolvida em discussões com potenciais parceiros comerciais, em que se incluem operadoras de rede móvel e de satélites de observação da Terra. “Estamos a realizar pilotos pré-comerciais focados em diferentes casos de uso e utilizador­es”, explicou o CEO, sublinhand­o que a curto prazo o foco será em “garantir conectivid­ade acessível e sustentáve­l a partir do espaço”, que agregue valor aos parceiros.

Os primeiros testes em órbita e validação das funcionali­dades do sistema são a prioridade neste momento e a meta é “lançar a primeira missão no início de 2025”. As negociaçõe­s para encontrar um fornecedor de lançamento já estão a decorrer, com a Open Cosmos como “forte possibilid­ade” dada a parceria estratégic­a que já existe entre as empresas. Ainda assim, as conversas com outros players nacionais e internacio­nais continuam em curso, antecipand­o o lançamento da “rede piloto com 16 ativos já em 2026”.

Atualmente, a Connected conta com uma equipa de 12 pessoas, que deverá expandir para perto de 20 colaborado­res a tempo inteiro até ao final de 2024, procurando particular­mente programado­res e engenheiro­s de telecomuni­cações. Para o CEO, o futuro da empresa vai construir-se com base na inovação e em parcerias, com soluções centradas no cliente “de Portugal para o mundo”.

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FOTO: D.R. O CEO Tiago Rebelo (terceiro a contar da esquerda) e elementos da sua equipa.

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