Governo demite diretor da PSP. Luís Carrilho é o novo líder
O superintendente-chefe José Barros Correia estava ao comando da PSP desde setembro do ano passado. Para o substituir foi escolhido o atual comandante da Unidade Especial de Polícia (UEP).
Odiretor nacional da PSP, José Barros Correia, foi exonerado ontem. “Esta decisão de indigitação, surge no âmbito da reestruturação operacional da PSP, quer no plano nacional, quer no plano da representação institucional e internacional desta força de segurança”, justificou o gabinete da ministra da Administração Interna. Luís Carrilho, atual comandante da Unidade Especial de Polícia, é o senhor que se segue a liderar esta força de segurança num momento extremamente crítico de negociações com o Governo.
Carrilho esteve 15 anos fora do país em missões internacionais. Foi Conselheiro de Polícia das Nações Unidas (UNPOL) e Diretor da Divisão de Polícia no Departamento de Operações de Paz da ONU em 2017, tendo coordenado em 2018 e 2022 as reuniões do UNCOPS – United Nations Chiefs of Police Summit. Foi comandante da Polícia das Nações Unidas em três operações de manutenção da paz: na Missão Multidimensional de Estabilização Integrada na República Centro-Africana (MINUSCA) de 2014 a 2016; na Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH) de 2013 a 2014; e na Missão Integrada das Nações Unidas em Timor-Leste (UNMIT) de 2009 a 2012.
Entre 1996 e 1998 serviu na Missão das Nações Unidas na Bósnia e Herzegovina (UNMIBH) e entre 2000 e 2001 na Administração Transitória das Nações Unidas em Timor-Leste (UNTAET), onde foi o primeiro Diretor da Academia da Polícia Nacional de Timor-Leste. Antes de ir comandar a UEP era o Chefe do Serviço de Segurança e Oficial da Segurança do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, funções que também já tinha desempenhado com Cavaco Silva em Belém. Foi o comandante do Corpo de Segurança Pessoal da PSP, comandante da Esquadra de Santa Apolónia, e comandante da “super-esquadra” dos Olivais onde esteve também Barros Correia.
Luís Carrilho, 58 anos, é casado e tem 2 filhas (uma delas jornalista na CMTV ). O pai era chefe da PSP. É natural da Ilha de Santa Maria, nos Açores, mas viveu toda a juventude em Campo de Ourique. Tem uma pós-graduação em Ciência Política e Relações Internacionais pela FCSH. É membro do UNITAR – Advisory Board of the Peacekeeping Training Programme. Tem ainda diversas condecorações nacionais e estrangeiras (Brasil, Espanha, França, Timor-Leste, Perú, Polónia, Áustria, etc.), incluindo Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, atribuída por Cavaco Silva e o Outstanding Role Model Award atribuído pelo Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-Moon, em 2015.
“É um profissional de créditos firmados e reconhecidíssimo quer em Portugal quer no Estrangeiro. Pelas funções desempenhadas tem excelentes relações na área da Segurança Interna e na política. Inteligente, prático, empático, cordial e bem-humorado a sua ação de comando tem sido até hoje bem aceite e com muito bons resultados. Na licenciatura foi o primeiro classificado e é por todos considerado como o seu líder natural.”, sintetizou um superintendente do seu curso.
Barros Correia tinha sido nomeado em setembro
Apesar de há alguns dias correrem rumores sobre a eventualidade da substituição de Barros Correia, esta decisão apanhou de surpresa a PSP – principalmente pelo facto de internamente este superintendente-chefe ser muito respeitado tanto pelos comandantes, como pelas bases, tal como pela generalidade dos sindicatos. Também surpreendeu pelo facto de o perfil mais civilista e menos securitário de Barros Correia - um dos criadores dos programas de policiamento de proximidade - ser o que a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, mais defendia enquanto ocupou o lugar de Inspetora-Geral da Administração Interna.
Barros Correia tomou posse em setembro do ano passado e a sua escolha prometia um novo paradigma na PSP. Na recente entrevista DN-TSF – a sua primeira e última neste cargo – quando confrontado com a possibilidade de ser demitido, o diretor nacional respondeu: “Sou um servidor do Estado e cumpro a minha missão onde estiver e e é assim que gostava de responder à vossa pergunta. Acho que não devo fazer nenhum comentário relativamente a isso”.
Ocupava desde 2018 o cargo de secretário-geral dos Serviços Sociais da PSP, tendo exercido as funções de presidente do Grupo de Cooperação Policial da União Europeia durante a Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, comandante regional dos Açores e oficial de ligação do Ministério da Administração Interna na Embaixada de Portugal na República Democrática de São Tomé e Príncipe.