Netanyahu ameaça “desferir golpes adicionais e dolorosos” ao Hamas
PM israelita não revela plano, que deverá passar por uma ofensiva em Rafah. A força aérea voltou a bombardear a cidade e matou pelo menos 16 pessoas, a maioria das quais crianças.
Numa declaração em vídeo na véspera da festa judaica da Páscoa, o primeiro-ministro israelita disse que o seu país “vai desferir golpes adicionais e dolorosos” contra o Hamas. Por sua vez, o grupo islamista diz ter desenterrado 50 corpos num hospital de KhanYunis e criticou o novo pacote de ajuda militar dos EUA, uma “luz verde” para Israel “continuar a agressão brutal”. “Nos próximos dias, vamos aumentar a pressão militar e política sobre o Hamas, porque esta é a única maneira de libertar os nossos reféns”, disse Benjamin Netanyahu. Telavive estima que 129 reféns permanecem em Gaza após o ataque do Hamas de 7 de outubro, incluindo 34 que o exército diz estarem mortos.
As forças israelitas dizem que pelo menos alguns dos reféns estão detidos em Rafah, que até agora foi poupada a uma invasão israelita e onde a maioria dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza procurou abrigo. O porta-voz das forças armadas israelitas, Daniel Hagari, disse que “o chefe do Estado-Maior aprovou os próximos passos da guerra”, sem fornecer pormenores. “Na Páscoa, serão 200 dias de cativeiro para os reféns. Lutaremos até que voltem para casa”, afirmou. O grupo das economias mais desenvolvidas G7 declarou opor-se a uma “operação militar em grande escala” em Rafah, temendo “consequências catastróficas” para os civis. As forças israelitas já efetuaram ataques aéreos regulares na cidade. A agência de defesa civil afirmou que os ataques israelitas atingiram duas casas em Rafah durante a noite, matando pelo menos 16 pessoas, na sua maioria crianças. “A cada segundo vivemos no terror, nem o som dos aviões israelitas pára”, disse Umm Hassan Kloub, de 35 anos, cujos filhos gritaram quando “acordaram com o pesadelo de uma explosão”.
Um dia depois de os representantes dos EUA terem aprovado uma nova ajuda militar de 13 mil milhões de dólares a Israel, o Hamas, cujo ataque de 7 de outubro desencadeou a guerra de Gaza, afirmou que a assistência norte-americana era uma “luz verde” para Israel “continuar a agressão brutal contra o nosso povo”, ignorando os 9 mil milhões de dólares em assistência humanitária para Gaza, também aprovados no mesmo pacote.
As autoridades de Gaza disseram ter descoberto 50 corpos enterrados no pátio do Complexo Médico Nasser, em Khan Yunis, a principal cidade do sul de Gaza. “Não havia roupas em alguns corpos, o que certamente indica que (as vítimas) sofreram torturas e abusos”, disse Mahmud Bassal, porta-voz da defesa civil. Israel retirou as forças terrestres de KhanYunis em 7 de abril, depois de ter levado a cabo aquilo a que chamou uma “operação precisa e limitada” no hospital.