Diário de Notícias

João Sousa. O adeus do maior de sempre visto pelos melhores

Nuno Marques, Nuno Borges, Pedro Sousa, Rui Machado e Gastão Elias falam do tenista vimaranens­e, que amanhã se começa a despedir dos courts no Estoril Open.

- TEXTO ISAURA ALMEIDA

Éo último capítulo do filme – João Sousa, o melhor de sempre do ténis português. Aos 35 anos (feitos ontem), o vimaranens­e prepara-se esta semana para a despedida dos courts no Estoril Open, torneio que venceu em 2018. Quem privou com ele foi de alguma forma influencia­do, casos de Nuno Marques, Nuno Borges, Rui Machado, Pedro Sousa e Gastão Elias.

Nuno Marques foi o melhor tenista nacional e o primeiro a entrar no top-100 até à geração dourada liderada por João Sousa entrar em cena. Nomeado capitão (selecionad­or) da seleção nacional de ténis em 2013, viu o vimaranens­e bater os seus recordes e honrar as cores nacionais. “O Frederico Gil e o Rui Machado já tinham passado o meu ranking... mas o João elevou o patamar, principalm­ente depois de vencer em Kuala Lumpur [o primeiro de quatro Torneios ATP que venceu]. Foi o primeiro a entrar no top-50 e chegou a Nº 28 do ranking, o que é incrível”, elogiou o agora treinador da Academia Rafael Nadal.

Para Nuno Marques, o vimaranens­e ”é um jogador incrível, sem comparação”. “O exemplo que dou aos miúdos de competitiv­idade, entrega e profission­alismo.”

Qualidades que Pedro Sousa também lhe reconhece. É da mesma geração e cruzou-se com ele várias vezes nas 16 épocas que coincidira­m no Circuito ATP, mas destaca as duas últimas. “No Estoril Open 2018, quando ele me ganhou depois de salvar um match point e depois... toda a gente sabe o que aconteceu. Acabou por ganhar o torneio e, se calhar, escrever uma das páginas mais bonitas do ténis português. Foi uma derrota que me custou muito, mas o que aconteceu a seguir foi incrível: um português a ganhar o Estoril Open. E no ano passado, quis o destino que o último jogo da minha carreira fosse com ele. Mais uma vez perdi, mas foi uma honra ter jogado contra ele no meu clube (CIF) no último jogo da minha carreira”, contou ao DN Pedro Sousa.

Nuno Borges ostenta hoje o título que foi de João Sousa nos últimos anos, o de melhor tenista português da atualidade e confessa que não consegue dizer-lhe na cara tudo o que pensa dele sem se emocionar. “Quando fui colega dele na Davis Cup percebi o seu valor, podia estar no maior buraco do mundo, mas ia a jogo para comer o outro vivo e ganhar. Era incrível. Ele mandava muitos berros e queixava-se muito, mas eu via um jogador que nunca se rendia, há pouquíssim­os a lutar tanto como ele.”

Por isso, Nuno Borges tem hoje João Sousa como um exemplo de entrega e entristece-o saber que deixará os courts dentro de dias: “O ténis em Portugal cresceu imenso com ele. Se está confortáve­l com a despedida... é a decisão certa para quem fez tanto pelo ténis português e já não estava tão feliz com o ténis dele nos últimos anos.”

Para Rui Machado, atual capitão da seleção nacional, João Sousa é mais do que o melhor tenista português de sempre, é um “vendedor de sonhos”, já que “antes dele quebrar certas barreiras ninguém acreditava que um português podia ir tão longe”. Além disso deu “uma alegria enorme aos portuguese­s quando venceu no Estoril Open”.

“Manteve-se uma década ao mais alto nível, o que é incrível. A carreira dele vai deixar saudades. Venham mais João Sousas e com vontade de quebrar os recordes dele. Não é fácil entrar no top-30, mas temos de acreditar que é possível.”

Para Gastão Elias, Sousa “é um grande profission­al e amigo” que o ténis lhe deu e que “inspirou gerações”, antevendo a falta que irá fazer ao ténis português: “Mostrou que é possível, que é possível batermo-nos contra os melhores do Mundo e alcançar feitos que pensávamos ser improvávei­s. E que, com raça e determinaç­ão, quase tudo é possível.”

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João Sousa venceu o Estoril Open em 2018.

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