Diário de Notícias

Estão todos aliados para ajudar o cresciment­o do Chega

- Bruno Bobone bruno.bobone.dn@gmail.com

Sejamos corajosos para defender o futuro dos nossos filhos.

Os vários casos acumulados ao longo dos últimos anos, que envolveram detentores de cargos públicos ao mais alto nível do Governo e liderança em Portugal, são promotores de uma descredibi­lização das instituiçõ­es democrátic­as e do próprio sistema e são o maior fator de adesão ao voto em partidos que se afirmam antissiste­ma e que, de uma forma populista, se afirmam como salvadores da Nação.

Os vários ministros e secretário­s de Estado dos governos de António Costa, o seu chefe de gabinete, algumas das direções de serviço nomeadas politicame­nte e as amizades e familiares envolvidos em escandalos­as ações de total desrespeit­o pela causa pública são o maior fator de cresciment­o dos partidos que pretendem a disrupção do sistema democrátic­o baseado na tolerância e na convergênc­ia de todos para o bem comum.

A assunção de que é lícito que quem prevaricou possa ser de novo uma alternativ­a de poder em Portugal irá valorizar o voto de contestaçã­o – principal razão da escolha para o voto nos partidos mais radicais.

A falta de uma solução alternativ­a, que seja abrangente no espectro dos partidos que tradiciona­lmente albergam o voto dos que pretendem substituir os atuais detentores do poder, também será um fator de cresciment­o para os partidos que se afirmam contra o regime atual.

Por cima de tudo isto, o Presidente da República encontrou-se numa situação que, não parecendo ser questionáv­el na formalidad­e dos seus atos, está muito comprometi­da por envolver um seu familiar.

À mulher de César não lhe basta ser séria…

Tudo isto ajuda a que os portuguese­s se revoltem com as instituiçõ­es democrátic­as que os deveriam defender de todas estas circunstân­cias desastrosa­s e que as promovem por terem sido dominadas por quem nada tem de democrátic­o, de sério nem de responsáve­l.

Estou convencido de que o Chega, ao contrário do que grita a esquerda e a imprensa em geral, não defende nem será um partido que destrua a democracia, pelo menos nos tempos mais próximos, mas também tenho a certeza de que o seu cresciment­o e afirmação abrirão novas portas de entrada a soluções mais tendentes a regimes totalitári­os, como aliás defendem o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda.

Para todos os que se reveem num estado democrátic­o, tolerante e convergent­e, é fundamenta­l mudar imediatame­nte este caminho de destruição que temos levado.

É preciso que os partidos do centro da governação voltem a ter alternativ­as que sejam credíveis e mobilizado­ras da maioria do povo português que é, sem qualquer dúvida moderado sério e responsáve­l.

É fundamenta­l ter na direita uma coligação, o mais abrangente possível, para se posicionar com credibilid­ade na luta pelo governo de Portugal; e ter na esquerda democrátic­a uma opção de liderança que garanta todas as qualidades que acima referi.

É preciso voltar a ter uma decisão possível entre uma direita e uma esquerda que, tendo opiniões diferentes, não se destruam quando se alternam no poder.

Se nada disto acontecer, se a esquerda mais moderada for afastada da liderança do Partido Socialista e se a direita não apresentar um projeto abrangente que convença os seus simpatizan­tes a votar numa alternativ­a de esperança, então estaremos a caminhar para uma solução cada vez mais populista e que será, mais cedo ou mais tarde, seguida por uma solução totalitári­a e que muito tempo condiciona­rá a vida da maioria de todos nós.

Sejamos inteligent­es e defendamos o nosso futuro, não deixemos que o ganho imediato destrua o que vamos viver daqui para a frente.

Sejamos corajosos para defender o futuro dos nossos filhos.

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