Rio garante que todo o partido irá participar no programa do PSD
Na primeira reunião do órgão máximo entre congressos, o líder social-democrata vai novamente tranquilizar os que ainda têm dúvidas sobre a eventual usurpação de competência do novo Conselho de Estratégia Nacional
O que Rui Rio fez com as distritais do PSD na semana passada fará hoje na reunião do Conselho Nacional, a primeira desde que foi eleito líder do partido. Tranquilizar os conselheiros que ainda têm dúvidas quanto às competências do Conselho de Estratégia Nacional (CEN) e o modo como este novo órgão poderá ou não esvaziar as competências de outras estruturas internas.
O líder do PSD irá apresentar nesta noite, num hotel do Porto, o novo órgão, muito provavelmente sem entrar em detalhes sobre a sua composição. Ou seja, não deverá já revelar o nome dos 16 coordenadores e dos 16 porta-vozes que irão integrar o órgão, mas apenas porque tenciona fazer uma apresentação pública global do CEN, que se deverá realizar no final desta semana ou no início da próxima.
Mas mais do que os rostos que vão liderar as equipas setoriais que ajudarão a gizar as propostas do PSD e até o programa de governo – num órgão que será presidido por David Justino, vice-presidente do PSD e antigo ministro da Educação – , Rui Rio quer, de vez, dissipar dúvidas sobre o envolvimento do partido e do grupo parlamentar na vida e na estratégia política a seguir nos próximos dois anos.
Hoje no Conselho Nacional, Rio garantirá que a espécie de “governo-sombra” que vai criar não retira poder às distritais, antes “permitirá ampliar a sua intervenção a nível nacional”, apurou o DN junto de uma fonte da direção social-democrata.
E isto porque cada distrital poderá criar núcleos para as áreas que entenderem, desde que consigam ter pelo menos 15 pessoas a trabalhar na(s) área(s) selecionada(s). “As estruturas deixam assim de dar sugestões apenas à escala regional e poderão fazer propostas de âmbito nacional”, frisou a mesma fonte.
As 16 secções temáticas do CEN são: relações externas; assuntos europeus; reforma do Estado e descentralização; defesa nacional; finanças públicas; justiça, cidadania e igualdade; segurança interna e proteção civil; agricultura, alimentação e florestas; coesão do território, ambiente e natureza; economia, inovação e internacionalização; saúde; solidariedade e bem-estar; educação, cultura e desporto; ensino superior, ciência e tecnologia e assuntos do mar.
Das equipas que vão compor as secções temáticas também farão parte um ou dois deputados, o que garante a participação do grupo parlamentar na elaboração das propostas do partido.
Eleição de José Silvano
Nesta primeira reunião do Conselho Nacional da era de Rio será também eleito o novo secretário-geral do partido, José Silvano, depois de Feliciano Barreiras Duarte se ter demitido na sequência da polémica sobre o seu currículo académico.
A escolha do novo secretário-geral do PSD, o ex-autarca e deputado José Silvano, apanhou de surpresa as hostes sociais-democratas, mas não deverá esbarrar na oposição do Conselho Nacional do partido.
José Silvano é apontado por fontes sociais-democratas como “muito discreto” e, também por isso e pela carreira de sucesso como autarca, com “alguma empatia com o partido”. Mas, ainda assim, a escolha não deixa de merecer reparos entre os sociais-democratas, como um parlamentar que questiona “onde está a tão propalada renovação” prometida por Rui Rio.
Depois de ter sido nomeado por Rui Rio, José Silvano afirmou publicamente que “como bom transmontano”, não tem “medo de nada nem de ninguém” – o que inclui a ratificação do seu nome no Conselho Nacional do partido. Silvano garantiu que aceitou o convite de Rio com “a única prioridade de unir o partido”.
Tratando-se de uma eleição, a votação será feita por escrutínio secreto, mas havendo apenas um candidato o boletim não deverá permitir votos contra.
Rui Rio irá apresentar publicamente a composição do Conselho Estratégico após a reunião do Conselho Nacional