Força para resistir a pressões internas
Aliderança do Eurogrupo significa o reconhecimento do trabalho que Portugal desenvolveu nestes anos, no sentido de ultrapassar uma situação de dificuldade no acesso aos mercados, de problemas orçamentais, que no fundo estiveram na origem da penalização a que o país esteve sujeito em termos de financiamento. É o reconhecimento do trabalho que foi concluído, com sucesso, nestes últimos dois anos, com a saída do Procedimento dos Défices Excessivos. A par da recuperação significativa do crescimento da economia, da redução do desemprego, há outro reconhecimento importante, o das agências de rating internacionais. Esta nomeação traz, claro, responsabilidades adicionais daqui para a frente. Desde já, pressinto algumas pressões de grupos sociais no sentido de haver renegociação de medidas adotadas durante o período de ajustamento, grupos que pretendem dar um salto, fazendo de conta que nada se passou e atingir os níveis salariais e regalias que teriam, não fosse a austeridade. Essas pressões e reivindicações existem, mas pessoalmente devo dizer que não pode se pode querer tudo de um dia para o outro. Mário Centeno a presidir ao Eurogrupo é importante porque lhe dá mais força para ser capaz de gerir e de resistir a essas pressões e de manter os resultados alcançados e consolidar este quadro de crescimento com um quadro de maior estabilidade orçamental, de défices mais reduzidos e uma trajetória de redução da dívida que é fundamental para o país. Há que resistir às reivindicações que possam pôr isto em risco, a prazo. É preciso ter força política para o fazer. O ministro e até o governo e o país ficam numa posição nova: têm de dar os melhores exemplos. Portugal, no lugar de destaque em que agora fica, tem de procurar não ser objeto de observações desfavoráveis, de críticas negativas.