Fitch. Governo reclama créditos, esquerda desvaloriza BE diz que Portugal “não precisa de pancadinhas nas costas” das agências de rating e das instituições europeias Líder do CDS, Assunção Cristas, pede a António Costa que mantenha a reforma laboral do go
Presidente da República fala em “hora de alegria”, mas não em deslumbramentos
Não é “fruto de milagres”, mas do “trabalho dos portugueses, do investimento dos empresários e da forma como o Estado tem sabido implementar boas políticas”. Foi assim que António Costa reagiu ontem à decisão da agência Fitch de subir dois níveis o rating de Portugal, que deixou de ser considerado lixo e passou a ter um grau de investimento de qualidade.
O primeiro-ministro, que falava em Figueiró dos Vinhos, no âmbito de uma visita à região centro, destacou que a melhoria do rating já se traduz na redução da taxa de juro dos empréstimos que o país paga, cuja taxa de juro no início do ano estava próximo dos 4% e neste momento está já abaixo dos 2%. “Esta redução [da taxa de juro] vai ter impacto, mas temos, sobretudo, de nos concentrar em dar continuidade às boas políticas que têm permitido estes resultados. E, por isso, é importante continuarmos a fazer bom trabalho”, referiu António Costa.
Antes, também o Presidente da República tinha afirmado que Portugal vive “uma hora de alegria” com a saída da classificação de “lixo”, mas avisou que é “preciso continuar o esforço” e “consolidar a conquista” dos últimos anos. “Neste momento, a hora é uma hora de alegria. Quando olhamos para o ano que vem e pensando no ano que vem e nos seguintes, é preciso continuar este esforço”, sublinhou o Chefe do Estado, destacando também que a melhoria da classificação da dívida pela agência de notação financeira Fitch vai implicar “menos sacrifícios para os portugueses” em 2018. Marcelo mostrou-se também confiante na evolução da dívida pública: “É um problema que está a ser resolvido, que vai diminuindo com o tempo.”
Conhecida na noite de sexta-feira, a decisão da Fitch junta-se à da Standard & Poor’s, que tirou Portugal do rating de lixo no passado mês de setembro. Falta agora a última das grandes agências de rating, a Moody’s, que deverá fazer uma nova avaliação em janeiro. Bloco de Esquerda desvaloriza Bem diferente foi o tom de Catarina Martins, a líder do Bloco de Esquerda, que ontem sublinhou que Portugal “não precisa de pancadinhas nas costas” das instituições europeias e das agências de rating, mas de aproveitar os dados económico favoráveis para mudar de estratégia. Falando em Tondela, no Encontro do Interior, promovido pelos bloquistas, a coordenadora do partido defendeu que Portugal precisa de aproveitar o momento económico que está a viver “para libertar os recursos essenciais ao investimento público e para, no momento em que a Europa está absolutamente desorientada, lutar por resgatar a sua soberania” e livrar-se “de um peso excessivo da dívida pública”.
CDS evoca anterior governo Já a líder do CDS, Assunção Cristas, sublinhou uma “notícia boa” para Portugal, que “também se deve, e muito”, à reforma laboral do anterior governo. A líder centrista desafiou António Costa a “continuar a preservar esse legado” da reforma laboral do executivo de Pedro Passos Coelho, apesar das exigências de Bloco de Esquerda e PCP de revisão da legislação laboral. Assunção Cristas afirmou-se ainda convencida de que, com outro governo e “outra orientação”, Portugal teria “chegado lá mais rápido”. S.F., com LUSA