Pepa disse numa palestra, em março: “Pensava que era o rei da noite, só queria boîtes e mulheres e fiz muita porcaria”
que tinha. Gostava de brincar, mas nunca passava os limites. Imagine 25/30 jovens a viver num centro de estágio, apenas com uma pessoa para tomar conta de nós. Há sempre uns exageros, mas ele não”, revela ao DN o antigo central.
Jogaram juntos na equipa principal, com Jupp Heynckes. Mas, na opinião de José Soares, a falta de estabilidade do clube na altura não ajudou à consagração de “um avançado rápido e forte, alto”, como era Pepa: “Na altura, o Benfica não era o que é hoje, para um miúdo jogar era preciso sei lá o quê. Os estrangeiros que vieram também não ajudavam na integração, o presidente toda a gente sabe quem era [Vale e Azevedo], enfim...”
Nessa altura, o agora técnico do Tondela passou por um momento complicado, com a morte de um familiar, “e o grupo deu-lhe muito apoio”. Mesmo o treinador Jupp Heynckes, que era sempre mais frio e distante, segundo José Soares, apoiou-o muito.
O antigo colega de Benfica não ficou surpreendido quando Pepa optou pela carreira de treinador: “Pela forma como falava de futebol e analisava os lances, já se previa.”
Foi em 2013, ao serviço da Sanjoanense e com apenas 32 anos, que Pepa deu início à carreira de treinador a solo, depois de passar pela formação da Luz como treinador adjunto e diretor técnico. “Não foi fácil sair devido à afetividade que me liga ao Benfica, mas, ao ver a dimensão da Sanjoanense, as suas condições de trabalho e o fervor dos adeptos, não podia recusar’’, disse, na apresentação.
Agora, depois de subir o Feirense à I Liga e passar pelo Moreirense, procura dar estabilidade ao Tondela na I Liga e prepara-se para o segundo encontro frente ao clube que o formou – o primeiro foi na época passada, à 18.ª jornada, na deslocação à Luz (derrota por 4-0). E em silêncio. O técnico não fará a antevisão do jogo, segundo o clube, em sinal de protesto, “face à diferença no acompanhamento mediático que tem sido dado ao Tondela e a outros clubes”.