Aprender história com histórias e atividades

Despertar a curiosidade para a história de Portugal nos leitores entre os 8 e os 10 anos é o principal objetivo do livro Aqui d’El-Rei

D. Sebastião, numa ilustração de Mariana Flores, um dos reis desta história

MARINA MARQUES Através de textos curtos e com uma linguagem que qualquer criança do primeiro ciclo compreende sem grande esforço, o livro Aqui d’El-Rei: Todos os Reis de Portugal Num Só Livro!, da historiadora Paula Fernandes e com ilustrações de Mariana Flores, põe à prova a curiosidade dos leitores mais pequenos. De D. Afonso Henriques a D. Manuel II, os principais feitos dos reis que entre 1143 e 1910 reinaram em Portugal são contados de forma simples, a pensar nas crianças do primeiro ciclo.

A proposta chegou da editora e Paula Fernandes, pegando na sua experiência a produzir materiais didáticos para editoras escolares, aceitou o desafio, embora estivesse habituada a trabalhar para uma faixa etária mais velha. “Achei a ideia ótima porque acho muito importante sensibilizar as nossas crianças desde pequenas para a importância da História e do nosso património. Começando mais cedo, é mais fácil despertar o interesse para uma disciplina que normalmente é tomada como algo muito maçudo, com muitas datas. Neste livro, tento de uma maneira mais lúdica que se interessem por história.”

Tendo em conta a sua experiência, a adaptação da linguagem histórica a crianças tão pequenas foi uma das dificuldades com que a historiadora se confrontou. Mas nada demasiado complicado.

O livro está organizado seguindo uma estrutura que se repete para cada um dos reis das quatro dinastias da monarquia portuguesa. Além do “retrato” tirado a cada um pela ilustradora Mariana Flores, Paula Fernandes junta três ou quatro curtos parágrafos nos quais assinala os principais acontecimentos durante o reinado de cada monarca. Junta-se ainda a explicação do seu cognome e uma curiosidade relacionada com o tempo em que governou. Por exemplo, no caso de D. João I, a curiosidade passa pela explicação da alcunha de “tripeiros” aos naturais do Porto. Porquê? O segredo é revelado na página 25, a mesma em que a padeira de Aljubarrota, Brites de Almeida, é também apresentada aos jovens leitores. Juntamente com cada reinado são ainda

Aqui D’El-Rei propostas diferentes atividades. Uma escolha que também não foi fácil, explica ao DN a historiadora Paula Fernandes, e que teve dois princípios orientadores: “Tentámos que fossem sempre utilizados materiais que temos em casa, fazendo até reciclagem, algo que os pais ou os professores não tenham de ter um grande dispêndio em termos de materiais. Por outro lado, houve ainda a preocupação de sempre que possível tentar ligar as atividades à época do reinado em causa.”

Fazer um espelho quando se fala de D. Fernando, o Formoso, ou um cavalo dos cruzados a propósito do reinado de D. Sancho I são dois dos exemplos de atividades que passam ainda pela criação de símbolos reais como a coroa ou o selo.

No final, uma cronologia geral contempla todos os reis e datas abordados no livro. “É uma forma de a criança ter em termos visuais a sequência dos reis. Algo que até pode ser destacado e afixado num local de estudo”, diz.

Olhando para o resultado final do trabalho, Paula Fernandes destaca o aspeto “inovador” do livro para a faixa etária a que se dirige, o interesse “até do ponto de vista científico, porque [no livro] são abordados aspetos que eles depois ao longo dos quatro anos do primeiro ciclo vão dando nas aulas”.