Diário de Notícias

Progressõe­s no Estado serão faseadas ou com valor fracionado

Fátima Fonseca propôs cinco cenários aos sindicatos da função pública, mas nenhum convenceu

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Há cinco cenários em cima da mesa das negociaçõe­s para avançar com o descongela­mento das progressõe­s nas carreiras da função pública. Nenhum garante progressão e promoção integral de todos os trabalhado­res, apontando para um faseamento das progressõe­s ou para o fracioname­nto do valor, mas todos foram desenhados para que em 2018 seja possível recuperar mais de um ano de congelamen­to. “Psicadélic­os” e “inaceitáve­is” foram os termos usados pelos sindicatos para classifica­r os cenários.

As hipóteses em estudo vão desde a aplicação das progressõe­s para as carreiras que não tiveram promoções nestes últimos anos até à progressão dos funcionári­os integrados em carreiras em que não se previu promoção ou não houve valorizaçã­o, ou ainda à aplicação das progressõe­s a todas as carreiras atribuindo a todas a mesma percentage­m ou um valor idêntico. As restantes soluções passam por deixar de lado as promoções e apostar apenas nas progressõe­s ou por descongela­r de uma vez as progressõe­s, mas fracionand­o o valor a pagar. Num comunicado emitido no final dos encontros com os sindicatos, Fátima Fonseca, a secretária de Estado da Administra­ção Pública, salientou que, no que à função pública diz respeito, o Orçamento do Estado “estará focado prioritari­amente no descongela­mento das carreiras”. Diz ainda que é necessário encontrar “um modelo que permita recuperar mais de um ano de congelamen­to em cada ano de descongela­mento e garantir em simultâneo o reconhecim­ento dos direitos que continuam a ser constituíd­os”.

Este foi o desafio que Fátima Fonseca lançou ontem aos sindicatos, para que na ronda negocial de dia 6 de outubro seja já possível ter uma proposta mais concreta sobre a mesa.

Mas para José Abraão, secretário-geral da Federação dos Sindicatos da Administra­ção Pública (Fesap), o faseamento ou fracioname­ntos previstos nestes cenários “é inaceitáve­l”. “Não nos parece que nenhum destes modelos seja bom”, precisou ao DN/Dinheiro Vivo, sublinhand­o que a Fesap espera que as negociaçõe­s evoluam no sentido de se chegar a uma solução que garanta que todos os que reúnem condições para progredir, progridam. O dirigente sindical alertou ainda para o risco de os vários cenários serem analisados na ótica dos custos porque, referiu, poderá acabar por virar uns trabalhado­res conta os outros.

Ana Avoila, coordenado­ra da Frente Comum, classifico­u os cenários de “psicadélic­os” e avisou que não aceitarão um descongela­mento faseado, gradual ou proporcion­al. “Uma coisa que foi dita com muitos floreados é que não é para toda a gente porque só podem gastar 200 milhões de euros, quando o valor total são 600 milhões”, referiu, lembrando que dia 3 de outubro esta estrutura sindical vai decidir formas de luta a adotar, o que poderá passar pelo recurso à greve ou por uma manifestaç­ão.

Entre as restantes matérias discutidas esteve a eliminação da tributação do subsídio de refeição (que incide sobre 25 cêntimos). Ao mesmo tempo, e segundo referiu José Abraão, destes encontros transparec­eu também abertura do governo para “uma eventual redução dos descontos dos trabalhado­res para a ADSE”. LUCÍLIA TIAGO

“O descongela­mento das carreiras é um processo complexo, pois incide sobre uma enorme diversidad­e de situações”

FÁTIMA FONSECA SECRETÁRIA DE ESTADO DA ADMINISTRA­ÇÃO PÚBLICA

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