DESNUDAR HITLER, ESTALINE, MUSSOLINI, FRANCO E SALAZAR
Jaime Nogueira Pinto pegou num quinteto de políticos polémicos do século passado e mostra como mudaram a história mundial a partir da Europa
Aregra mais apreciada pelos historiadores é a de só tocarem na matéria de facto cinquenta anos após ter acontecido. Se isso os salva da opinião dos contemporâneos desses eventos, nem sempre o relato posterior é um registo conseguido ou imparcial. Por isso, quando o autor, historiador e interessado no tempo dos que interpretam o seu mais recente trabalho, Cinco Homens Que Abalaram a Europa, decide fazer a sua própria narrativa de um período em que esse quinteto dominou as páginas da história do Velho Continente, a obrigação é lê-lo.
Poder-se-ia dizer que Salazar não está à altura dos outros quatro: Franco, Mussolini, Estaline e Hitler. Sim, mas essa afirmação negava o poderio do dono do último império colonial, que varava o globo de um lado ao outro, e que serviu de passatempo ideológico a John Kennedy quando se quis tornar homenzinho durante o seu governo, atestando as baterias ao retângulo português para brilhar durante a Guerra Fria e conquistar amigos entre os países que piscavam o olho à União Soviética para se tornarem independentes.
Portanto, Salazar tem lugar próprio nesta história que Jaime Nogueira Pinto escreveu, um trabalho de investigação e ensaística em que o autor o consegue entrelaçar com o quarteto em duas vozes de importância: a menor, com Franco e Mussolini, a mais destruidora com Estaline e Hitler. Relatório que ao longo de quase seiscentas páginas vai sendo cozido numa narrativa com as pequenas histórias de cada um e as grandes diferenças totalitárias entre todos.
A técnica é simples e direta: a de os cruzar por nascimento num período próximo e de mostrar como vão atuar, muito em decorrência dos conflitos criados por Hitler, durante as suas vidas. Um cenário que antes de ser atingido leva muitas dezenas de páginas a focar-se na maturação de cada um deles entre o nascimento e o período em que se assumem, por mal ou por bem, como governantes que irão alterar a vida da quase totalidade de habitantes do planeta.
O modo como esta investigação corre torna-a muito pedagógica, usemos este termo, porque ao fim de mais de meio século sobre o ponto alto de cada um existe um cenário comum que justifica esta metodologia de Jaime Nogueira Pinto. Da qual o leitor não sai frustrado e até consegue obter a “grande fotografia” que cada um não poderia oferecer por si só. Até porque se muito do que este volume narra já é conhecido, o que se refere ao iniciar o livro, o modo como conjuga a prática deste quinteto justifica uma leitura atenta. Quanto mais não seja para se perceber como é que cada um influenciou o outro.