Diário de Notícias

Direita populista ataca Merkel após atentado suicida de sírio

Jovem que viu recusado estatuto de refugiado fez-se explodir num bar. Em nome do Estado Islâmico. Há 15 feridos

- PATRÍCIA VIEGAS

O refugiado sírio que no domingo à noite se fez explodir em Ansbach, no estado federado da Baviera, jurou lealdade ao Estado Islâmico, grupo terrorista sunita radicado no Iraque e na Síria, liderado por Abu Bakr al-Baghdadi. A explosão apenas matou o atacante, mas feriu outras 15 pessoas que se encontrava­m no bar Eugens Weinstube. Trata-se do quarto ataque do género numa semana na Alemanha. A líder do Alternativ­a para a Alemanha, partido populista de direita, não demorou a atacar a chanceler alemã por causa da sua política de portas abertas face aos refugiados.

“Acha que a Alemanha agora já é um país suficiente­mente diversific­ado, senhora [Angela] Merkel?”, escreveu Fraude Petry, líder da AfD, na sua página de Facebook, noticiou o site da Deutsche Welle. Falando após a reunião do conselho de segurança do governo, no sábado, Merkel afirmou que tudo estava “a ser feito para garantir a segurança e a liberdade das pessoas”. A chanceler falava um dia depois de um jovem germano-iraniano de 18 anos, identifica­do como David S, ter matado nove pessoas a tiro no centro comercial Olympia, em Munique, também no estado da Baviera. O jovem teria problemas psiquiátri­cos e a polícia descartou que tivesse ligações ao Estado Islâmico.

O mesmo não aconteceu com o sírio Mohammed D, de 27 anos, que no domingo à noite, pelas 22.10 (menos uma hora em Lisboa), se fez explodir no bar Eugens Weinstube. Antes tinha tentado entrar num festival de música que decorria ali perto, mas não conseguiu, por não ter bilhete válido, adiantou ontem o TheLocal.de. Segundo o site alemão em língua inglesa, o indivíduo chegou há dois anos à Alemanha, oriundo da Síria. Tinha recebido tratamento psiquiátri­co após duas tentativas de suicídio, tendo-lhe sido recusada a atribuição do estatuto de refugiado (só não podia ser devolvido ao país de origem por este estar em guerra).

O ministro do Interior do estado da Baviera, Joachim Hermann, informou que num dos telemóveis do jovem foi encontrado um vídeo em que jurava lealdade ao grupo terrorista do Estado Islâmico. “No seu telemóvel foi encontrado um vídeo com uma ameaça em árabe na qual, segundo tradução provisória, se anuncia um atentado contra os ale- mães em nome do islão”, declarou o governante bávaro, precisando que no quarto do albergue onde o jovem dormia a polícia encontrou também “um bidão de gasolina, ácido clorídrico, pilhas e parafusos”. Os investigad­ores encontrara­m também vários cartões de telemóvel e um maço de notas de 50 euros.

Horas antes deste ataque com recurso a explosivos, um outro refugiado sírio, de 21 anos, matou à machadada uma grávida polaca, na cidade de Reutlingen, no estado de Bade-Vurtemberg­a. Não foi ainda estabeleci­da relação com o grupo terrorista de Al-Baghdadi. Há uma semana, no dia 18, um requerente de asilo afegão, de 17 anos, atacou 11 pessoas com um machado num comboio regional de Wurtzburgo, também na Baviera. Não houve vítimas mortais do ataque, reclamado pelo Estado Islâmico.

Mediante isto, o ministro do Interior alemão, Thomas de Maiziére, ordenou o reforço da presença das forças de segurança nos aeroportos e estações de comboios. Também aumentaram os controlos de segurança nas fronteiras da Alemanha. “O importante neste momento é aumentar a presença policial nos espaços públicos. Por isso, ordenei que a polícia federal aumente a sua presença nas estações de comboio e nos aeroportos. Já existem controlos aleatórios, não muito visíveis, mas muito eficazes”, declarou o membro do governo de Merkel. Maiziére rejeitou, porém, uma suspeita generaliza­da sobre todos os refugiados que vivem no país.

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Polícia investiga zona da explosão de domingo à noite em Ansbach, no estado federado alemão da Baviera

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