Diário de Notícias

“UM LUGAR PEQUENINO E BONITO”

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NÃO MEXER. “Parece que sim, que somos o ponto de atração da aldeia.” Patrício Correia, 29 anos, é o mais novo dos quatro filhos de José Martins Correia Rodrigues, o patrono da famosa “tasca das ostras” do largo da igreja. Com os três irmãos, dirige o negócio do pai desde que este morreu, no final de 2013. Foi ali mesmo naquela casa que viveu a família, e é onde ainda vive a mãe, aos 65 anos uma das cerca de 14 pessoas que habitam na aldeia. Patrício, que desde os 11 ajuda naquilo que o pai abriu em 1969 como mercearia e depois evoluiu para “comes e bebes”, já nem se lembra de quando deixou a escola para trabalhar na tasca – que abre de junho a setembro das 16.30 às 22.30 – e nos viveiros, que é aquilo com que, como os irmãos, se ocupa o resto do ano. “Espero fazer isto o resto da minha vida. Se gosto? Claro, senão não fazia.” A carta da casa é curta – conquilhas, quando não estão proibidas ( agora estão), amêijoas, camarão frito, queijo, chouriço assado na mesa, azeitonas e pão, mais as famosas ostras – e foi sempre a mesma. Como os preços. “Não aumentamos, temos aquela margem e os preços variam conforme as coisas sobem ou descem. Íamos aumentar para quê? As pessoas vinham uma vez e nunca mais voltavam.”

Assim, voltam, e voltam, e voltam. Os 44 lugares revezam- se cinco vezes cada dia e as sete pessoas que do serviço de esplanada à copa fazem o staff não têm parança. “Às vezes conseguimo­s dar vazão, noutras não dá – ficam muito tempo à espera”, admite Patrício. Com os outros dois restaurant­es da aldeia – a Casa Velha e o Casa Azul – a Casa da Igreja faz o trio de “equipament­os turísticos” de Cacela Velha.

“Aumentou o gosto e a presença das pessoas, mas as condições não aumentaram muito, em abono da verdade”, pontifica o presidente da Junta de Freguesia de Vila Nova de Cacela, José Roberto Leitão, 69 anos, “só desde 1976 presidente até agora, do PSD sem vergonha nenhuma.” E prossegue: “Como todo o Algarve despertou para o turismo esta terra também despertou, mas com menos velocidade. E tenho a certeza de que assim é que está bem. Isto é no Sotavento o ponto mais bonito. Um lugar pequenino e bonito.”

Patrício faz coro: “Mudou pouco, e ainda bem. Achava muito mal que fizessem um hotel ou assim. Depois vinha o jardim e o campo de golfe e as águas de escoamento e ia tudo para a ria, o que é muito mau.” Pede: “Se der ponha aí se alguém pode fazer alguma coisa pela ria, que está a assorear, a assorear. É preciso umas dragagens, a água tem de ser renovada. Há muita gente a viver da ria, e por este andar ficamos sem ela.”

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