Colégio fecha sem aviso um mês depois de pais terem pago a inscrição
Pais de 32 alunos do Colégio Paula Frassinetti foram apanhados de surpresa. Direção diz que não havia condições económicas
Os pais dos 32 alunos que renovaram as matrículas no Colégio Paula Frassinetti, em Lisboa, à ordem de 500 euros por criança, dizem que estão de mãos e pés atados, porque não sabem onde poderão arranjar uma nova escola para os filhos. Só na quinta- feira começaram a ter conhecimento de que o colégio encerrou, sem o aviso prévio da diretora, que despediu os 12 funcionários, tendo comunicado o fecho apenas na quarta- feira ao Agrupamento de Escolas Luís de Camões, por alegadas dificuldades financeiras. Foi o agrupamento que avisou os encarregados e educação, que já admitem processar criminalmente o colégio e a diretora, enquanto a tutela vai propor o cancelamento do alvará desta escola privada.
“Parece- nos que pode haver aqui uma tentativa de burla”, diz Luís Rebelo, pai de uma aluna da escola, referindo- se à diretora Ana Paula Fernandes. “Não acreditamos que em 15 dias a diretora tenha percebido que o colégio estava insolvente e tenha decidido encerrar. Então e o que fez aos cerca de 20 mil euros que recebeu das matrículas?”, questiona, lamentando que Ana Paula Fernandes, que dirigiu o colégio desde a sua abertura, em 1987, se tenha mantido incontactável. Além dos 500 euros da inscrição pagos até junho, os pais deram mais cem para farda e equipamento de ginástica.
O DN tentou ouvir a dirigente, sem êxito. Foi- nos dito que se encontra em parte incerta desde que na quarta- feira se deslocou ao Agrupamento Luís de Camões, segundo o seu diretor adjunto, Luís Domingos, para informar do en- cerramento e entregar os processos dos 32 alunos, como está previsto nos regulamentos. Um comunicado enviado à redações chegou a avançar um valor próximo da centena de alunos, mas já contabilizava crianças das atividades de tempos livres.
“Vamos tentar agora colocar alguns dos 32 miúdos nas nossas escolas, mas não teremos vagas para todos. Isto é bastante aborrecido para os pais, que estão muito surpreendidos, mas é tudo muito recente. Ainda temos de ver o que há”, avançou. Diz o agrupamento que os alunos que não conseguirem vaga terão de procurar solução noutros agrupamentos. “Em alguma escola irão ficar”, insiste.
Estão em causa crianças do 1. º ciclo do ensino básico, habituadas a turmas reduzidas – cerca de dez alunos – como era norma neste colégio histórico de Lisboa, avançan- do Luís Rebelo que este contratempo já obrigou alguns pais a interromper as férias e a regressar a Lisboa para tentarem encontrar alternativas. “Há uma mãe que tem lá os três filhos”, exemplifica, garantindo que nunca a diretora deu sinais de que o encerramento pudesse estar eminente.
“Só em 2011 e 2012, com a crise, é que houve alguns pais que tiraram os miúdos, mas agora estava tudo bem e pensávamos que em setembro teríamos onde deixar as crianças. E agora?”, volta a questionar o mesmo encarregado de educação, acrescentando que até julho o colégio funcionou normalmente, tendo mesmo a responsável vindo a acordar com alguns pais alterações às formas de ensino e de aulas extras.
Contactado pelo DN, o Ministério da Educação e Ciência avançou que vai propor o cancelamento do alvará 1354, que lhe autorizam as valências de pré- escolar e 1. º ciclo, revelando que o colégio não deu conhecimento desta situação à Direção- Geral dos Estabelecimentos Escolares. A tutela confirma que o Agrupamento de Escolas Luís de Camões está a contactar os encarregados de educação “para se poder regularizar as matrículas noutros estabelecimentos de ensino”.
Um dado que também apanhou alguns pais de surpresa prende- se com o facto de o colégio ter como mentora a Santa Paula Frassinetti, fundadora da Congregação da Santa Doroteia. Mas a escola não tem ligação às Irmãs Doroteias, afiançou ao DN fonte da congregação.