Diário de Notícias

Colégio fecha sem aviso um mês depois de pais terem pago a inscrição

Pais de 32 alunos do Colégio Paula Frassinett­i foram apanhados de surpresa. Direção diz que não havia condições económicas

- ROBERTO DORES

Os pais dos 32 alunos que renovaram as matrículas no Colégio Paula Frassinett­i, em Lisboa, à ordem de 500 euros por criança, dizem que estão de mãos e pés atados, porque não sabem onde poderão arranjar uma nova escola para os filhos. Só na quinta- feira começaram a ter conhecimen­to de que o colégio encerrou, sem o aviso prévio da diretora, que despediu os 12 funcionári­os, tendo comunicado o fecho apenas na quarta- feira ao Agrupament­o de Escolas Luís de Camões, por alegadas dificuldad­es financeira­s. Foi o agrupament­o que avisou os encarregad­os e educação, que já admitem processar criminalme­nte o colégio e a diretora, enquanto a tutela vai propor o cancelamen­to do alvará desta escola privada.

“Parece- nos que pode haver aqui uma tentativa de burla”, diz Luís Rebelo, pai de uma aluna da escola, referindo- se à diretora Ana Paula Fernandes. “Não acreditamo­s que em 15 dias a diretora tenha percebido que o colégio estava insolvente e tenha decidido encerrar. Então e o que fez aos cerca de 20 mil euros que recebeu das matrículas?”, questiona, lamentando que Ana Paula Fernandes, que dirigiu o colégio desde a sua abertura, em 1987, se tenha mantido incontactá­vel. Além dos 500 euros da inscrição pagos até junho, os pais deram mais cem para farda e equipament­o de ginástica.

O DN tentou ouvir a dirigente, sem êxito. Foi- nos dito que se encontra em parte incerta desde que na quarta- feira se deslocou ao Agrupament­o Luís de Camões, segundo o seu diretor adjunto, Luís Domingos, para informar do en- cerramento e entregar os processos dos 32 alunos, como está previsto nos regulament­os. Um comunicado enviado à redações chegou a avançar um valor próximo da centena de alunos, mas já contabiliz­ava crianças das atividades de tempos livres.

“Vamos tentar agora colocar alguns dos 32 miúdos nas nossas escolas, mas não teremos vagas para todos. Isto é bastante aborrecido para os pais, que estão muito surpreendi­dos, mas é tudo muito recente. Ainda temos de ver o que há”, avançou. Diz o agrupament­o que os alunos que não conseguire­m vaga terão de procurar solução noutros agrupament­os. “Em alguma escola irão ficar”, insiste.

Estão em causa crianças do 1. º ciclo do ensino básico, habituadas a turmas reduzidas – cerca de dez alunos – como era norma neste colégio histórico de Lisboa, avançan- do Luís Rebelo que este contratemp­o já obrigou alguns pais a interrompe­r as férias e a regressar a Lisboa para tentarem encontrar alternativ­as. “Há uma mãe que tem lá os três filhos”, exemplific­a, garantindo que nunca a diretora deu sinais de que o encerramen­to pudesse estar eminente.

“Só em 2011 e 2012, com a crise, é que houve alguns pais que tiraram os miúdos, mas agora estava tudo bem e pensávamos que em setembro teríamos onde deixar as crianças. E agora?”, volta a questionar o mesmo encarregad­o de educação, acrescenta­ndo que até julho o colégio funcionou normalment­e, tendo mesmo a responsáve­l vindo a acordar com alguns pais alterações às formas de ensino e de aulas extras.

Contactado pelo DN, o Ministério da Educação e Ciência avançou que vai propor o cancelamen­to do alvará 1354, que lhe autorizam as valências de pré- escolar e 1. º ciclo, revelando que o colégio não deu conhecimen­to desta situação à Direção- Geral dos Estabeleci­mentos Escolares. A tutela confirma que o Agrupament­o de Escolas Luís de Camões está a contactar os encarregad­os de educação “para se poder regulariza­r as matrículas noutros estabeleci­mentos de ensino”.

Um dado que também apanhou alguns pais de surpresa prende- se com o facto de o colégio ter como mentora a Santa Paula Frassinett­i, fundadora da Congregaçã­o da Santa Doroteia. Mas a escola não tem ligação às Irmãs Doroteias, afiançou ao DN fonte da congregaçã­o.

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