VIAGEM HISTÓRICA COM A DOENÇA E UM CROCODILO DE FIDEL CASTRO
São milhares de peças que nos contam a história da doença e dos medicamentos. Entre elas, está um crocodilo que Fidel ofereceu a Otelo Saraiva de Carvalho
PORTO São milhares de anos da história universal da saúde. É assim que João Neto define o museu da farmácia nas suas duas divisões, Lisboa e Porto. Tudo começou em 1996 com a criação do espaço lisboeta, logo premiado no ano seguinte como o melhor museu português. Em 2010 foi o tempo para abrir o museu no Porto.
Muito pode ser descoberto nas relíquias. Até há uma curiosa peça, um crocodilo oferecido por Otelo Saraiva de Carvalho ao museu do Porto. “Ele visitou- nos e quis doar a peça. Recebeu de presente de Fidel Castro em 1975 e quando houve no Porto uma cimeira Ibero- americana, o Otelo esteve cá [ Fidel Castro participou nessa cimeira] e quis deixar o crocodilo no museu”, explicou João Neto. O crocodilo é um dos animais que forneceram matéria para medicamentos.
Há muito mais. São 15 mil peças que se dividem pelos dois museus, em que o objetivo é “contar a história da saúde e pelo caminho a história humana”. Porque “a doença é tão antiga como o homem”, diz o diretor. Por isso, com foco apenas no espaço museológico nortenho, é possível acompanhar as principais transformações que o combate à doença foi conhecendo ao longo dos séculos, com milhares de peças ordenadas cronologicamente. Recuamos até à Mesopotâmia e ao Antigo Egito, esta uma das idades de ouro do conhecimento. O sarcófago, representado no museu, significava a preservação da vida.
As peças ganham mais saber com a Grécia e a medicina de Hipócrates. A serpente, que já vinha da Mesopotâmia, ganha o estatuto de símbolo da farmácia: conseguir transformar o veneno numa cura. Perdura até hoje. Avançamos e no Império Romano encontramos instrumentos cirúrgi-