Diário de Notícias

Há 19 anos, desde Arantxa Sanchéz, que uma tenista espanhola não chegava a uma final de Wimbledon. Garbiñe Muguruza vai defrontar a sua grande inspiração, Serena Williams

- B RUNO PI R E S

Nasceu na Venezuela a nova coqueluche do ténis espanhol. A jovem Garbiñe Muguruza alcançou ontem a final do torneio de Wimbledon depois de bater na meia- final, com alguma surpresa, Agnieszka Radwanska por 6- 2, 3- 6 e 6- 3. No jogo decisivo terá pela frente a número um do ranking mundial Serena Williams que, também ontem, bateu a russa Maria Sharapova.

Mas quem é esta Garbiñe Muguruza, a primeira espanhola em 19 anos a disputar a final de Wimbledon sucedendo à mítica Arantxa Sánchez? Como qualquer rapariga da sua idade – 21 anos – tem os seus gostos personaliz­ados, como cozinhar, ler e ouvir música. Outra das suas predileçõe­s passa por viajar. Este ano visitou Marraquexe e antes tinha estado na Tailândia.

Fora dos courts, muito embora pouco se saiba da sua vida amorosa, gosta de vestir vestidos curtos de maneira a mostrar as suas longas pernas ( mede 1,83 metros). É vista em Espanha como uma atleta bastante feminina.

Mas a sua história de vida atravessa dois países: Venezuela, onde nasceu, e Espanha, onde vive desde os seis anos, mais precisamen­te em Barcelona. No ano passado, Garbiñe Muguruza, filha de mãe venezuelan­a e pai espanhol, viveu um grande dilema. Teve de escolher o país a representa­r na Fed Cup, torneio feminino similar à Taça Davis. E aí vacilou. Manteve conversas com a federação venezuelan­a durante meses a fio, mas optou pela Espanha, país onde estava, segundo palavras da própria, apenas para jogar ténis. A novela meteu ao barulho o governo venezuelan­o, mas o objetivo de lograr algo de significa-

Até Casillas, novo guarda- redes do FC Porto, deu os parabéns a Muguruza tivo na Fed Cup e nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, fazendo dupla com Carla Suárez, levaram Muguruza a optar pela Espanha.

“Foi uma decisão realmente difícil, ponderada e delicada pelos laços pessoais e familiares que me unem a ambos os países. Tenho a Venezuela e a Espanha no meu sangue e no meu coração. E tenho a minha família partilhada nos dois países. Com o apoio de toda a minha família decidi representa­r a Espanha a partir desta altura”, anunciou Garbiñe Muguruza em outubro de 2014, numa resolução secundada de otimismo por parte do governo espanhol, que esperava com alguma expectativ­a uma palavra de Muguruza que jamais escondeu ter uma forte ligação à Venezuela.

Sábado às 13.00 portuguesa­s, Garbiñe Muguruza volta a desafiar a história frente a Serena Williams. Mas a americana não tem nada que a possa assustar ou não tivesse a hispano- venezuelan­a batido a número um do mundo da última vez que se encontrara­m e com uma rapidez surpreende­nte – 64 minutos: “É sempre complicado jogar contra Serena, porque, na realidade, ela tem poucos pontos fracos. Temos de jogar com o facto de que se trata de uma final e que ela, apesar da sua experiênci­a, também estará nervosa. E tenho a certeza de que Serena não deve achar muita piada em defrontar- me, pois da última vez que nos enfrentámo­s fui eu que ganhei.”

Serena Williams, diga- se, é a principal referência de Garbiñe Muguruza, facto que nunca escondeu, contudo, a espanhola, está radiante, isso sim, é por estar no encontro decisivo: “Estar numa final como esta de Wimbledon significa muito, é o sonho de uma vida, tudo porque tenho trabalhado até agora”, disse Muguruza que vendo bem joga ténis há muito, muito tempo, desde os seus três anos quando começou a trocar umas bolas com os dois irmãos num clube privado de Caracas.

Agora está num patamar em que começa a chamar a atenção. Foi assim na festa de lançamento de Wimbledon, quando ofuscou as colegas de circuito e deu nas vistas por usar um vestido Herve Leger. Mas é pelo seu ténis que se tem destacado e que tem sido felicitada, inclusivam­ente por Casillas, o novo guarda- redes do FC Porto, através do Twitter. “Parabéns Garbiñe Muguruza, a nova primeira finalista de Wimbledon’ 2015. Não tens limites”, escreveu o guarda- redes.

Pau Gasol, basquetebo­lista dos Chicago Bulls, e os tenistas Feliciano López e David Ferrer também felicitara­m Garbiñe Muguruza.

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