Costa recusa lições de Passos e falar de acordos pós- eleitorais
À TVI, líder socialista garante que não vai cortar pensões e admite aumentar o IRS sobre salários mais altos. Confessa não ter “prevista” uma nova visita a José Sócrates
Uma plateia de 40 pessoas, dez questões provenientes do público, uma moderadora, Judite Sousa, e António Costa. O secretário- geral do PS aceitou o repto da TVI e respondeu num formato já usado na RTP com Passos Coelho. O líder socialista deixou as garantias que pôde – não cortar pensões foi uma delas – e demarcou- se do caminho de PSD- CDS, sublinhando que seria um “contrassenso”, após as legislativas, entender- se com quem quer “seguir a mesma política”.
Sobre sondagem que dá a vitória ao PS com uma vantagem de 4,9 pontos percentuais sobre a coligação, disse que esses números lhe dão uma “enorme responsabilidade”, mas reiterou o apelo à maioria absoluta. E se tal não for possível? Costa não diz com quem poderá entender- se e acena com a ingovernabilidade, recuperando Cavaco Silva. O país, frisou, “não precisa de acrescentar crise política” à económica e lembrou que “o Presidente já disse que não aceita um governo que não seja maioritário”.
Numa entrevista a dois tempos ( o segundo na TVI 24, conduzido por José Alberto Carvalho e com base em questões de telespetadores), Costa comprometeu- se a repor as prestações sociais cortadas ( complemento solidário para idosos, rendimento social de inserção e abono de família) e garantiu: “Não faremos cortes nas pensões.” E fez o remoque ao governo, que disse planear um corte de 600 milhões de euros na Segurança Social.
O secretário- geral do PS quantificou pouco – remeteu mais explicações para o cenário macroeconómico –, mas abriu caminho a um alívio fiscal para a classe média ( através da eliminação da sobretaxa de IRS e da revisão dos escalões desse imposto). Para compensar essas medidas, admitiu que “as pessoas com rendimentos mais altos paguem mais impostos”.
Sobre educação e saúde, respetivamente, prometeu que acabará com a “instabilidade” nos programas escolares e que garantirá médicos de família a mais 500 mil pessoas, mas salientou que não pode comprometer- se com postos de trabalho para todos os professores sem emprego.
As questões mais difíceis chegaram, contudo, da boca dos jornalistas. A reboque do impasse na Grécia, Judite Sousa levou Costa a vincar que “o plano A” de um governo seu será cumprir as regras europeias, não obstante a luta, em bloco, com outros Estados, pela sua alteração e falou do elefante na sala: José Sócrates. Recuperou a máxima da “independência e autonomia do Ministério Público”, apesar de ter reiterado o “respeito pela presunção de inocência” do ex- primeiro- ministro. Mas confessou não ter “prevista” qualquer outra visita ao antigo governante.
Já José Alberto Carvalho confrontou Costa com a ideia de que o regresso do PS ao governo significará “gastar, gastar, gastar”, tese que PSD e CDS têm explorado. O líder socialista reagiu com violência, puxou da experiência na Câmara de Lisboa e atacou o principal adversário: “Há quatro anos ninguém conhecia o primeiro- ministro. Eu tenho passado na vida pública. De Pedro Passos Coelho não recebo qualquer lição em termos de gestão pública.”
No final, os telespetadores foram soberanos: 2585 consideraram que Costa esteve mal, 2335 defenderam que a performance foi boa.