O pesadelo da Matemática
Saíram ontem os resultados dos exames nacionais do 9. º ano. No Português, a média positiva subiu neste ano para os 58%, ligeiramente melhor do que em 2014, mas as más notícias voltaram a chegar do lado da Matemática, invertendo os resultados do ano passado, quando mais de metade dos alunos conseguiram arrancar uma positiva. Em 2015, as notas regressaram à média negativa ( 48%) na prova considerada um pesadelo por uma larga maioria, e um terço dos 95 mil alunos que entregaram o teste vai ter de repetir o ano. O próprio Ministério da Educação salienta que os resultados revelam uma percentagem elevada de alunos com grandes dificuldades nestas duas disciplinas consideradas estruturantes. Quase 1600 adolescentes tiveram ainda mais dificuldades neste ano, não conseguindo sequer ter nota digna do nome – não conseguiram marcar nem 0,1 valores. Um aumento de “zeros” de 800 por cento em relação ao ano passado. Porquê? Parece que uma das razões se prende com o número mais reduzido de respostas múltiplas na prova deste ano. Sem quadradinhos para pôr o “x”, nem à lei das probabilidades se conseguiram agarrar. Ou seja, esta variação de resultados, nuns anos acima da linha de água, noutros abaixo, não significa nada mais do que o óbvio – o ensino da Matemática em Portugal continua sem rumo para uma enorme fatia de estudantes. Mesmo que se ande a disfarçar a cada três anos com a publicação dos resultados dos testes PISA, que entre 2006 e 2009 deram um salto significativo no bom sentido, mas que desde então têm continuado a marinar abaixo da média dos outros países da OCDE. A culpa não é dos alunos que frequentam as escolas portuguesas, que não têm melhores nem piores capacidades do que os suíços, japoneses ou alemães. Mas com tantos anos de resultados maus, sofríveis e medíocres, já estaria mais do que na altura de pensar a sério sobre o assunto. O que falta nas escolas portuguesas para varrer o pesadelo da Matemática?