Diário de Notícias

Quadros da Bial suspeitos de corromper médicos

Ex- diretor da empresa relatou ao Ministério Público eventuais esquemas de aliciament­o. PJ efetuou buscas no laboratóri­o

- CARLOS RODRIGUES LIMA e FILIPA AMBRÓSIO DE SOUSA com DIANA MENDES

Depois de médicos, farmacêuti­cos e delegados de informação médica, a Polícia Judiciária ( PJ) entrou, pela primeira vez, num laboratóri­o, no âmbito das investigaç­ões a burlas ao Serviço Nacional de Saúde ( SNS). Na operação de ontem estão em causa suspeitas de corrupção ativa e passiva, burla ao SNS e falsificaç­ão de documentos que podem envolver altos quadros do grupo presidido por Luís Portela, os quais terão sido denunciado­s por um ex- diretor da Bial. Porém, em comunicado enviado ontem, o gabinete da Procurador­ia- Geral da República ( PGR) rejeita que a Bial tenha sido constituíd­a arguida.

No total foram feitas 24 buscas pela PJ em vários pontos do país e foram constituíd­os 17 arguidos ( 16 pessoas singulares e uma coletiva). Em causa estão pagamentos efetuados a título de estudos científico­s mas que se reportaria­m à prescrição de medicament­os. As buscas foram feitas na sede da farmacêuti­ca, na Trofa, e nas delegações em Lisboa e Coimbra. Na lista dos suspeitos estão ainda médicos e delegados de propaganda médica.

Foi há dois anos que Rui Peixoto, então chefe de vendas da zona norte da Medibial, foi constituíd­o arguido e acusado num dos vários processos por burla ao SNS, que correm no Departamen­to Central de Investigaç­ão e Ação Penal ( DCIAP). Quando foi interrogad­o pelo juiz Carlos Alexandre, aquele antigo quadro disse que o grupo

Luís Portela, presidente não executivo da Bial, está surpreendi­do Bial terá pago muitos milhares de euros a médicos, através de cartões de compras ou participaç­ões em “pseudo- estudos de mercado”, para prescrever­em medicament­os compartici­pados pelo Estado. A Polícia Judiciária acabaria por descobrir no computador de Rui Peixoto uma lista com 447 médicos, eventualme­nte envolvidos no esquema.

“Ficámos surpreendi­dos com esta ação, embora já tenhamos vivido situações deste tipo no passa- do”, referiu, ontem ao DN, o presidente não executivo da Bial, Luís Portela. Desconhece­ndo os motivos das buscas, acrescento­u apenas que têm “estado a colaborar com a PJ em tudo o que o que é necessário”. Por sua vez, fonte da empresa declarou à Lusa: “Estranhand­o o sentido desta diligência, a Bial está, como sempre esteve, totalmente disponível para colaborar com as autoridade­s.”

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