Diário de Notícias

“Ainda vou à feira por livros velhos e velhos livros”

- JOÃO CÉU E SILVA Jornalista

Oeditor João Rodrigues vai à Feira do Livro de Lisboa desde 1975, data em que passou a residir na capital: “Antes, desde pequeno, ia sempre à do Porto. Depois, já em Lisboa, nunca houve um ano em que tivesse perdido a feira.” Atualmente é responsáve­l pela editora Sextante, mas na década de 80 estava na D. Quixote, uma época em que a feira era menos profission­al: “Hoje, quem está a vender os livros nos stands não tem as ligações ao livro que naquela altura era habitual, porque eram os editores, os revisores, os administra­tivos e os comerciais de cada editora que atendiam o leitor.” Era um ambiente diferente, confirma: “Hoje a feira é uma festa para o visitante, enquanto naquela altura era uma festa para nós, os que fazíamos os livros, e que assim contactáva­mos naqueles dias diretament­e com os leitores. No fim da feira havia sempre uma jantarada para celebrar.” A alteração da Feira de Lisboa no sentido mais profission­alizado que é hoje não incomoda João Rodrigues: “São os novos tempos, que mostram como o livro se tornou mais acessível do que se verificava antes, quando os livreiros tinham os livros atrás dos balcões e o leitor não podia folhear o livro sem o solicitar. Agora, já não estão escondidos e todos podem ver do que tratam. Deixou de ser apenas um local para leitores e colecionad­ores empedernid­os e com listas de compras.” Mesmo com todas estas mudanças, João Rodrigues continua a ir à feira com o mesmo espírito: “Corro as várias tendas à procura de livros velhos e velhos livros que me interessam. Que tanto encontro em alfarrabis­tas que continuo a frequentar como nas barracas das editoras, como a Lello, que nesta altura têm todo o fundo de catálogo à disposição. O que procuro é muito diverso, um livro de que corro atrás há muito tempo ou uma novidade que não comprei logo. Principalm­ente, são livros do passado e perdidos.”

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal