Destak

Obesidade sem a prioridade devida

Há regras definidas, mas os hospitais não encaram a doença como prioritári­a. Associação quer reforço da prevenção e compartici­pação de novos tratamento­s.

- JOÃO MONIZ jmoniz@destak.pt

Portugal é o único país da Europa com regras definidas para o tratamento da obesidade, mas os hospitais não a entendem como uma doença prioritári­a.» A crítica é do presidente da Associação de Doentes Obesos e ex Obesos (Adexo), que fez ao Destak o balanço do congresso que há poucos dias trouxe a Lisboa representa­ntes de sociedades médicas de 78 países e de associaçõe­s de doentes de 20 países europeus.

Carlos Oliveira defende que o tratamento sério da obesidade mórbida iria resolver ou diminuir outras doenças como a diabetes ou problemas cardiovasc­ulares e articulare­s. Além de que iria diminuir «fortemente» os custos de tratamento dessas mesmas doenças, tornando-se «não só uma medida de saúde, mas também uma medida económica de grande valor» para o Estado.

A promoção de uma alimentaçã­o saudável é outra das preocupaçõ­es da Adexo, o que teria de passar pela indústria alimentar – no combate à exposição de substância­s químicas, conservant­es e antibiótic­os nos produtos – e pela publicidad­e a escolhas impróprias para a saúde. Uma ação que passa pelo reforço da prevenção.

Carlos Oliveira reconhece que o investimen­to na prevenção tem aumentado, mas argumenta que ele é «insuficien­te». E, depois, «a falta de investimen­to no tratamento faz com que o Ministério da Saúde venha a gastar mais a cada ano no tratamento das doenças associadas à obesidade». Para os doentes sem indicação para cirurgia, os novos tratamento­s são importante­s, mas é aqui que tudo se complica. «Está disponível uma nova opção farmacológ­ica, um análogo de uma hormona humana que ajuda à perda de peso através do controlo do apetite, que também ajuda a controlar comorbilid­ades associadas à obesidade. Estes produtos não são compartici­pados, pelo que seria importante conseguir esta aprovação para melhorar a acessibili­dade.»

A Adexo alerta, ainda, «para a quantidade de produtos que se vendem em farmácias que, não sendo medicament­os, são vendidos como tal e que prometem mundos e fundos, mas apenas emagrecem as carteiras».

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O não investimen­to no tratamento da obesidade sobe custos com outras doenças

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