Obesidade sem a prioridade devida
Há regras definidas, mas os hospitais não encaram a doença como prioritária. Associação quer reforço da prevenção e comparticipação de novos tratamentos.
Portugal é o único país da Europa com regras definidas para o tratamento da obesidade, mas os hospitais não a entendem como uma doença prioritária.» A crítica é do presidente da Associação de Doentes Obesos e ex Obesos (Adexo), que fez ao Destak o balanço do congresso que há poucos dias trouxe a Lisboa representantes de sociedades médicas de 78 países e de associações de doentes de 20 países europeus.
Carlos Oliveira defende que o tratamento sério da obesidade mórbida iria resolver ou diminuir outras doenças como a diabetes ou problemas cardiovasculares e articulares. Além de que iria diminuir «fortemente» os custos de tratamento dessas mesmas doenças, tornando-se «não só uma medida de saúde, mas também uma medida económica de grande valor» para o Estado.
A promoção de uma alimentação saudável é outra das preocupações da Adexo, o que teria de passar pela indústria alimentar – no combate à exposição de substâncias químicas, conservantes e antibióticos nos produtos – e pela publicidade a escolhas impróprias para a saúde. Uma ação que passa pelo reforço da prevenção.
Carlos Oliveira reconhece que o investimento na prevenção tem aumentado, mas argumenta que ele é «insuficiente». E, depois, «a falta de investimento no tratamento faz com que o Ministério da Saúde venha a gastar mais a cada ano no tratamento das doenças associadas à obesidade». Para os doentes sem indicação para cirurgia, os novos tratamentos são importantes, mas é aqui que tudo se complica. «Está disponível uma nova opção farmacológica, um análogo de uma hormona humana que ajuda à perda de peso através do controlo do apetite, que também ajuda a controlar comorbilidades associadas à obesidade. Estes produtos não são comparticipados, pelo que seria importante conseguir esta aprovação para melhorar a acessibilidade.»
A Adexo alerta, ainda, «para a quantidade de produtos que se vendem em farmácias que, não sendo medicamentos, são vendidos como tal e que prometem mundos e fundos, mas apenas emagrecem as carteiras».