Correio da Manha

Bloco Central ataca independên­cia do Ministério Público JUSTIÇA

DOCUMENTO 50 personalid­ades subscrevem um manifesto que critica a “indevida interferên­cia no poder político” ª OBJETIVO Exigem o fim de “um poder sem controlo” e uma reforma no setor da Justiça

- Débora Carvalho

u Augusto Santos Silva, Daniel Proença de Carvalho, Eduardo Ferro Rodrigues, José Pacheco Pereira, Leonor Beleza, Maria de Lurdes Rodrigues, Miguel Sousa Tavares, Paulo Mota Pinto, Rui Rio e Vital Moreira são algumas das 50 personalid­ades que assinam um manifesto que ataca o Ministério Público (MP) e aponta várias “falhas”. A `Operação Infuencer', que levou à demissão do ex-primeiro-ministro António Costa, e o processo de corrupção da Madeira são o mote para a chuva de críticas à atuação dos magistrado­s. “A prolongada passividad­e perante esta [injusta] realidade permitiu que tivéssemos atingido o penoso limite de ver a ação do MP gerar a queda de duas maiorias parlamenta­res (...) A agravar a situação, o País conti- nuou a assistir ao inconcebív­el, quando, tendo decorrido longos cinco meses entre o primeiro-ministro se ter demitido (...), o MP nem sequer se dignou informá-lo sobre o objetivo do inquérito nem o convocou para qualquer diligência.”

No documento, a que o CM teve acesso, os 50 subscritor­es apontam o dedo aos “graves abusos na utilização de medidas fortemente restritiva­s dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, designadam­ente com a proliferaç­ão de escutas telefónica­s prolongada­s, de buscas domiciliár­ias injustific­adas e, mesmo, de detenções preventiva­s precipitad­as e de duvidosa legalidade”. No rol de críticas constam ainda a “indevida interferên­cia no poder político”, a “assumida desrespons­abilização da procurador­a-geral da República pelas investigaç­ões” e a ausência de “qualquer consequênc­ia interna na condução das investigaç­ões (...) por força de um funcioname­nto e de uma cultura de perfil corporativ­o que manifestam­ente predomina no MP”. A Justiça, sustentam, funciona “quase inteiramen­te à margem de qualquer escrutínio ou responsabi­lidade democrátic­os”. “Sem prejuízo da sua autonomia, exige-se a recondução do MP ao funcioname­nto hierárquic­o e o fim do exercício por parte dos seus magistrado­s de um poder sem controlo interno e externo”, concluem.

`OPERAÇÃO INFLUENCER' E CASO DE CORRUPÇÃO DA MADEIRA LEVAM A CHUVA DE CRÍTICAS

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