Igreja é alvo de críticas por proteger padres abusadores
Lista tem 100 nomes. Membros da Comissão Independente garantem que a Igreja tem dados para agir ª REAÇÃO Bispo auxiliar de Braga discorda dos colegas e defende medidas cautelares
u A recusa da Igreja em suspender os padres suspeitos de abusos sexuais sobre menores é alvo de fortes críticas por parte de muitos católicos e outros setores, que se manifestam indignados com a resposta ténue dos bispos. Na lista, constam 100 nomes de alegados abusadores.
“Quando o cardeal-patriarca diz que a Igreja não tem dados não é verdade”, afirma o psiquiatra Daniel Sampaio, que fez parte da Comissão Independente. “Não é verdade que é só uma lista de nomes. A lista foi obtida a partir das denúncias de vítimas – em que a vítima X diz que foi abusada
SOCIÓLOGA DA COMISSÃO DIZ QUE A IGREJA ESCOLHEU O LADO DO AGRESSOR
pelo padre Y – e da investigação do Grupo de Investigação Histórica junto dos arquivos. E a lista que foi entregue resulta da junção destas duas”, sustenta. “Os nomes não são `soltos', têm casos que os sustentam”, sublinha a Ana Nunes de Almeida, que tam
bém fez parte da Comissão. A socióloga considera que, ao recusar-se a suspender os alegados abusadores, a Igreja escolheu o lado do agressor. Recorde-se que, neste domingo, o cardeal-patriarca de Lisboa manifestou-se contra a suspensão dos padres suspeitos.
No seio da Igreja surgem, porém, vozes discordantes. D. Nuno Almeida, bispo auxiliar de Braga, diz que a suspensão cautelar dos padres é uma das medidas previstas no manual de instruções do Vaticano (números 9 a 31 do Vade-mécum) e defende
“medidas cautelares de tipo administrativo” contra alegados abusadores, que poderão levar “a limitações no ministério”. “Não pode continuar a haver vítimas, agressores e encobridores”, sublinha, considerando que “pedir perdão não é suficiente”.