Tournée triunfal
Ao contrário do que parece, António Costa não anda pelo país em campanha eleitoral. Costa anda em tournée a apresentar os seus grandes sucessos e saboreia, por antecipação, o triunfo apoteótico que o espera no próximo domingo. As campanhas são para os mortais candidatos, para os líderes dos partidos (uns mais mortais do que outros), até para os primeiros-ministros. Costa é muito mais do que isso tudo: é uma “superstar” e as “superstars” não fazem campanhas, fazem digressões e exibições, dão espectáculo. Costa é o “one-man-show”, não só do governo, não só dos socialistas, mas de toda a política portuguesa (a menos que, por obrigação ou conveniência, tenha de partilhar o palco com Marcelo Rebelo de Sousa, mas não é esse o caso). Ele sabe melhor do que ninguém fabricar sucessos de bilheteira, domina os ingredientes certos para tocar em cheio no coração dos fans, é exímio a tocar as teclas que exaltam as emoções mais básicas de admiradores e detractores. Pode parecer que não se esforça, que é tudo talento inato, inspiração do momento. Mas não. Costa é um mestre da ilusão e conhece os truques todos para, no momento certo, surpreender tudo e todos. Veja-se a história da refinaria de Matosinhos - ou não fosse Costa um artista refinado. Costa fez a festa, transformou a Galp em bombo da dita, atirou os foguetes, mandou os adversários políticos apanharem as canas e, no artigo de ontem no Público, repetiu tudo outra vez. Tudo no ambiente mais festivo que se possa imaginar. Festivo e pedagógico, porque António Costa também é um espectáculo a dar lições exemplares. E a lição a tirar não é só para a Galp ou para outras grandes empresas malfazejas. A lição é para todos nós: Costa faz o que quer, diz o que quer, contradiz-se o que quer, ameaça quem quer, promete o que quer, engana quem quer. E no fim ainda recebe ovações de pé. Em 2023 só não haverá bis se a vedeta não quiser.
COSTA ANDA EM TOURNÉE
A APRESENTAR OS SEUS GRANDES
SUCESSOS