Tudo na mesma para mudar alguma coisa
Com uma vantagem muito considerável no número de presidências nas câmaras e nas freguesias e, sobretudo, com um enorme avanço nas áreas metropolitanas, o Partido Socialista parte para as eleições do próximo domingo com o conforto de, perante uma tão grande diferença, não lhe ser exigível que cresça eleitoralmente. Pelo contrário, todos encarariam com normalidade se, entre perdas e ganhos, o PS recuasse ligeiramente no número de autarquias ganhas.
No campo oposto, o PSD parte de uma situação tão negativa, assim classificada pelo próprio Rui Rio, que qualquer resultado eleitoral não traduzido num aumento significativo do número de câmaras resgatadas ao PS será sempre visto como uma derrota e provocará a exigência de responsabilidades políticas internas: a Rio, para que convoque eleições clarificadoras no PSD; àqueles que não lhe deram descanso durante o seu consolado, para que se cheguem à frente.
A escassos dias das eleições autárquicas, as sondagens conhecidas apontam para poucas mudanças no panorama eleitoral. Com algumas trocas previstas no horizonte e outras tantas surpresas que a noite eleitoral de domingo desembrulhará, no dia seguinte, o PS e o Governo estarão na mesma: à espera do orçamento de estado, que determinará então o que fará Costa a seguir.
Já no PSD, dificilmente as coisas ficarão como estão. Com a quantidade de facas a serem afiadas por estes dias, bem pode Rio baixar as expectativas e apontar para uma ou outra vitória eleitoral aqui ou acolá. O salto eleitoral que lhe exigirão ao fim de seis anos de governo do PS, com uma pandemia pelo meio, parece estar muito além do que se vai passar no dia 26 de setembro. Paradoxalmente, de umas eleições em que tudo ficará mais ou menos na mesma, resultará uma mudança no PSD.