APLICAÇÃO ISRAELITA ATACA POLÍTICOS E JORNALISTAS
PEGASUS Software sofisticado usado para espiar presidente francês e outros 13 chefes de Estado. Repórteres também são vítimas INVESTIGAÇÃO 50 mil telefones foram devassados desde 2016. Jamal Khashoggi foi vigiado antes de ser assassinado
Ofundador da aplicação de mensagens Telegram, considerada uma das mais seguras do Mundo, é a mais recente vítima do software de espionagem Pegasus que as ‘secretas’ de vários países estão a usar para aceder a dados confidenciais de telemóveis. A violação do telefone de Pavel Durov – conhecido por ridicularizar a segurança dos concorrentes WhatsApp e Signal – é irónica, mas não é única. Pelo menos 14 chefes de Estado, incluindo o presidente francês, Emmanuel Macron, o rei de Marrocos, Mohammed V ou o líder sul-africano, Cyril Ramaphosa foram espiados.
A dimensão da espionagem ainda é desconhecida, mas sabe-se que visou também funcionários governamentais, jornalistas e ativistas. É esta a conclusão de um relatório da Amnistia Internacional (AI), citado ontem pelo jornal norte-americano ‘Washington Post’. Ao todo, segundo a AI, a lista de vítimas do software espião Pegasus, desenv o l v i d o p e l o i s r a e l i t a NS O Group, contempla 600 funcionários de governos e políticos de 34 países. A sofisticada aplicação é usada por várias agências de inteligência em todo o Mundo com o argumento de ser uma ferramenta eficaz no combate ao crime. No entanto, a secretária-geral da AI, Agnes Callamard, afirma que a NSO “não se pode esconder atrás desta alegação”. Por esta razão, Callamard defende “a necessidade urgente de u ma r e g u l a menta ç ã o f o r t e numa indústria de vigilância em que reina o oeste selvagem”. Antes, a presidente da Comissão
Europeia considerou “totalmente inaceitável” a espionagem em massa com o recurso ao Pegasus, condenando especialmente os ataques contra a privacidade dos jornalistas. “A liberdade de imprensa é um valor central da União Europeia”, disse Ursula von der Leyen.
Este escândalo foi revelado no âmbito de uma investigação de um consórcio jornalístico com base em relatórios das organizações Forbidden Stories e Amnistia Internacional, que referem 50 mil números de telefones cirurgicamente escolhidos pelos clientes da NSO desde 2016.
“LIBERDADE DE IMPRENSA É VALOR CENTRAL DA UNIÃO EUROPEIA”