DESCULPE, MAS NÃO
Não é fácil dizer a outra pessoa que está enganada; pode ficar tudo ainda pior
Como dizer que não está de acordo, que acha que a outra pessoa está enganada, sem se meter em problemas? Como dizê-lo de uma forma eficaz e educada?
Nos dias de hoje, de muita comunicação, emoções e tantas vezes agressividade, é importante ser eficaz a comunicar. E ser educado é geralmente o caminho a seguir.
O chamar nomes ou o levantar a voz, simples e feio, abala as pessoas, que se s e nt e m at ingidas na s ua ide nt idade , em quem elas são. O assunto que se esteja a falar deixa de ser o tema da conversa, passa-se a ataques pessoais e é difícil que as pessoas se oiçam.
No centro de uma conversa entre pessoas que tentam entender-se está o ouvir o outro, procurando manter as emoções reguladas, procurando algo em comum. Come- çar por um primeiro ‘sim’ pode ajudar. Mesmo que não estejamos de acordo sobre o que o nosso interlocutor diz sobre o assunto, dizer ‘sim’ é importante. Pode ser ‘sim, e por outro lado podemos ter isto em conta…’, ou ‘sim, de acordo, mas peço-te para considerares isto…’
Para discordar educadamente, comunicando com eficácia, não se deve focar o interlocutor, quem o outro é ou deixa de ser. Se às tantas dissermos algo do género ‘contigo é sempre difícil…’, as coisas ficam difíceis porque mudámos de assunto. O tema da conversa deixou de ser a questão A ou B e passou a ser como o outro é e como eu sou; quem é melhor, mais competente, mais bonito, com mais estatuto, com mais poder, etc. – não ajuda as pessoas a entender-se.
Criticar o tom de voz é outro caminho que costuma dar mau resultado. ‘Não me olhes com esse tom de voz’, como dizia o outro. O tom de voz, juntamente com as expressões faciais e a postura corporal, é um dos aspectos que mais comunica. É preciso cuidado quando referimos a voz de uma pessoa. Abordar o assunto com uma boa voz ajuda a que o outro melhore o seu tom de voz, a que baixe as emoções e entre os dois se comunique melhor. Um tom de voz pouco amigável pode ser criticado com eficácia, por exemplo, quando nós não respondermos nesse mesmo tom de voz.
Concluindo, deve focar-se o assunto central, pela positiva, dizendo sim, além disso, etc. Não deve referir-se directamente a outra pessoa, por exemplo, ‘quando disseste isto e aquilo’; por orgulho, o outro pode ficar preso ao que disse quando as suas emoções não estavam no seu melhor, o que dificulta um entendimento. E nunca deve dizer-se apenas que está mal, mas também como pode ficar melhor.