Correio da Manhã Weekend

DESCULPE, MAS NÃO

- ANTIGA ORTOGRAFIA

Não é fácil dizer a outra pessoa que está enganada; pode ficar tudo ainda pior

Como dizer que não está de acordo, que acha que a outra pessoa está enganada, sem se meter em problemas? Como dizê-lo de uma forma eficaz e educada?

Nos dias de hoje, de muita comunicaçã­o, emoções e tantas vezes agressivid­ade, é importante ser eficaz a comunicar. E ser educado é geralmente o caminho a seguir.

O chamar nomes ou o levantar a voz, simples e feio, abala as pessoas, que se s e nt e m at ingidas na s ua ide nt idade , em quem elas são. O assunto que se esteja a falar deixa de ser o tema da conversa, passa-se a ataques pessoais e é difícil que as pessoas se oiçam.

No centro de uma conversa entre pessoas que tentam entender-se está o ouvir o outro, procurando manter as emoções reguladas, procurando algo em comum. Come- çar por um primeiro ‘sim’ pode ajudar. Mesmo que não estejamos de acordo sobre o que o nosso interlocut­or diz sobre o assunto, dizer ‘sim’ é importante. Pode ser ‘sim, e por outro lado podemos ter isto em conta…’, ou ‘sim, de acordo, mas peço-te para considerar­es isto…’

Para discordar educadamen­te, comunicand­o com eficácia, não se deve focar o interlocut­or, quem o outro é ou deixa de ser. Se às tantas dissermos algo do género ‘contigo é sempre difícil…’, as coisas ficam difíceis porque mudámos de assunto. O tema da conversa deixou de ser a questão A ou B e passou a ser como o outro é e como eu sou; quem é melhor, mais competente, mais bonito, com mais estatuto, com mais poder, etc. – não ajuda as pessoas a entender-se.

Criticar o tom de voz é outro caminho que costuma dar mau resultado. ‘Não me olhes com esse tom de voz’, como dizia o outro. O tom de voz, juntamente com as expressões faciais e a postura corporal, é um dos aspectos que mais comunica. É preciso cuidado quando referimos a voz de uma pessoa. Abordar o assunto com uma boa voz ajuda a que o outro melhore o seu tom de voz, a que baixe as emoções e entre os dois se comunique melhor. Um tom de voz pouco amigável pode ser criticado com eficácia, por exemplo, quando nós não responderm­os nesse mesmo tom de voz.

Concluindo, deve focar-se o assunto central, pela positiva, dizendo sim, além disso, etc. Não deve referir-se directamen­te a outra pessoa, por exemplo, ‘quando disseste isto e aquilo’; por orgulho, o outro pode ficar preso ao que disse quando as suas emoções não estavam no seu melhor, o que dificulta um entendimen­to. E nunca deve dizer-se apenas que está mal, mas também como pode ficar melhor.

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FERNANDO ILHARCOPRO­FESSOR UNIVERSITÁ­RIO

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